Mais um capítulo foi acrescentado ontem à novela da Brasil Ferrovias, empresa que desde fevereiro de 2004 negocia salvação financeira com o governo federal. O presidente do Conselho de Administração da companhia, Guilherme Lacerda, negou que os fundos de pensão estatais que controlam a ferroviária pretendam abrir mão de escolher os gestores da empresa.
A Previ, entidade de previdência complementar dos funcionários do Banco do Brasil, é dona de 26,65% da Brasil Ferrovias. Está acompanhada pela Funcef, da Caixa Econômica Federal, detentora de 22,31% do controle. A informação sobre a saída dos fundos foi atribuída ao presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Guido Mantega, e publicada no jornal britânico `Financial Times`.
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Segundo a reportagem, o BNDES concederá uma ajuda de US$ 408 milhões -mais ou menos R$ 1,1 bilhão- à companhia. Em troca, o BNDES ficaria com 34% das ações da Brasil Ferrovias.
Mantega teria pedido à Previ e à Funcef para deixar a administração da empresa e dito que haverá ampla concorrência internacional para contratar `administração profissional experiente`. `Não existe nada disso, nada dessa de licitação internacional. Isso nunca foi cogitado`, afirmou Guilherme Lacerda, também presidente da Funcef. `Os fundos não têm nenhuma pretensão de cair fora da Brasil Ferrovias.` Procurado e informado pela Folha sobre as declarações de Lacerda, o BNDES não desmentiu o texto do jornal `Financial Times`.
Longa história – Para entender o imbróglio em torno da Brasil Ferrovias, é bom olhar atentamente dois pontos: a história das estradas de ferro no Brasil e o traçado que a Brasil Ferrovias abrange. O primeiro item foi estudado pelo professor americano William Summerhill. `O Brasil parece viver ciclos no setor ferroviário: o setor privado investe primeiro, mas quando dá prejuízo é substituído pelo governo e só volta quando a situação melhora`, resumiu o especialista. Para ele, acordos como os da Brasil Ferrovias são, na realidade, `um subsídio para os grandes empresários, custeado por toda a população ou por um segmento`.
Os trilhos da Brasil Ferrovias, por sua vez, ligam Alto Araguaia (MT) e Corumbá (MS) ao porto de Santos (SP). Por essa razão, e tendo em vista o estado falimentar das rodovias que cortam o interior do país, a via é considerada o melhor meio para exportar mercadorias da região Centro-Oeste -muitas toneladas de minério, madeira, carne e grãos. Nos bastidores, como há demanda, viabilizar essa malha é tido como de interesse geral. Exemplos variam desde gigantes como a mineradora anglo-australiana Rio Tinto -que promete investir cerca de US$ 1 bilhão, ou R$ 2,7 bilhões para au
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