IBS apóia parecer de concentração na Vale

O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) defendeu ontem o relatório da Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, que recomenda à Companhia Vale do Rio Doce vender ativos de mineração ou abrir mão do direito de veto, voto e indicação de conselheiros na MRS Logística.

Em nota à imprensa, o IBS reitera o apoio `às propostas constantes do relatório da SDE` e informa que espera a definição de um sistema que atenda a duas reivindicações do setor: `eliminação de entraves ao crescimento de mineradoras independentes que estabeleça alternativas efetivas ao fornecimento de minério de ferro, e livre acesso dos usuários às vias de escoamento ferroviário e portuário a preços competitivos`.

À noite, durante evento promovido pelo jornal Valor Econômico, o presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, respondeu à nota do instituto. `O IBS não é cliente da Vale do Rio Doce, apenas alguns de seus associados são nossos clientes para a área de minério e muitos para a área de logística.` Segundo o executivo, a posição do IBS em relação à empresa já é a mesma há muito tempo. `Normalmente, o IBS gosta de falar em nome de todos, mas não sei se todos têm o pensamento do IBS. O que a Vale tem feito é conversar com todos os seus clientes e até hoje afirmo que não faltou um quilo de minério de ferro para nenhum cliente e todos eles têm o melhor minério do mundo, a custos competitivos.`

O setor siderúrgico quer ter liberdade para avançar sobre a mineração e ter assegurado o uso de logística para escoar a produção. A maior briga na questão da mineração ocorre com a CSN, que vende o excedente da produção da mina Casa de Pedra à Vale. Há divergências também na MRS, na qual a Vale mantém participação superior ao limite de 20%.

Agnelli ainda destacou que a Vale é uma das empresas que mais investe na área de logística no Brasil, e que a empresa não é dona da MRS. `A MRS é controlada por todas as siderúrgicas. Então vejo que existe um pouco de jogo de palavras e a Vale não gosta de entrar nesse jogo.` Por isso mesmo, o executivo afirmou estar tranqüilo quanto à possibilidade de a empresa vir a ser julgada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). `O órgão (Cade) é competente para canalizar e avaliar as ações da empresa.`

Para o IBS, a solução dessas questões é a `única forma de assegurar uma estrutura concorrencial no sistema de mineração de ferro e de logística`.

Fonte: Estado de S. Paulo