A briga entre siderúrgicas e a mineradora Vale do Rio Doce esquentou e ganhou contornos de guerra declarada. O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), em audiência com conselheiros do Conselho Administrativo de Defesa da Economia (Cade), acusou a Vale de inibir o crescimento de mineradoras independentes e de dificultar o escoamento da produção siderúrgica.
Em teleconferência, o diretor da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) Lauro Resende disse que a empresa `será a primeira da fila para comprar ativos em mineração que a Vale seja obrigada a vender`. Gabriel Stoliar, diretor da mineradora, rebateu: `A Vale é investidora, não vendedora de ativos.` Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente do IBS, afirmou que `a escalada da Vale e o monopólio que passou a deter` mudou o regime de definição de preços do minério. Ele lembrou que as três principais mineradoras mundiais – além da Vale, a anglo-australiana BHP Billinton e a britânica Rio Tinto – detêm 70% da produção mundial de minério e têm força suficiente para impor preços. `Todas as tentativas das siderúrgicas com mineradoras inde- mais ferrovias, é uma concessão pendentes tiveram como porcen- pública, mas serve prioritariamentual de reajuste os 71,5% impos- te à Vale. Se houver espaço, escotos pela Vale`, disse o executivo, lhe quem mais vai passar por lá. O que protestou, também, contra o que queremos é um ambiente logíscontrole da mineradora nas duas tico concorrencial, com direito de grandes ferrovias da Região Su- uso assegurado aos usuários das deste: MRS e Vitória-Minas. vias de escoamento ferroportuá`A Vitória-Minas, como as de- rias a preços e tarifas competitivos`, disse Lopes. Segundo ele, o relator do processo no Cade, Ricardo Cueva, apresentará uma solução para o impasse em maio.
O executivo disse que os argumentos apresentados ao Cade foram respaldados no dia anterior em reunião do conselho da instituição, formado por presidentes da CSN, CST, Usiminas, Açominas, Gerdau, Aços Villares, Acesita e Cosipa.
A CSN, presidida por Benjamin Steinbruch, que já presidiu a Vale antes do descruzamento das ações da mineradora com a siderúrgica, aproveitou a teleconferência marcada para avaliar os resultados do 1.º trimestre para mandar um recado: quer se consolidar como a segunda maior mineradora do País.
O Instituto Brasileiro de Mineração partiu em defesa da Vale: `Quem quiser investir em mineração que vá ao DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), peça autorização e vá pesquisar minério. O Brasil é um país com vocação mineral. Esse processo (no Cade) não é uma questão de mercado livre. A busca de proteção comercial é um retrocesso e uma eventual retirada da Vale desses ativos também é um retrocesso`.
O Ministério do Desenvolvimento fará o acompanhamento trimestral dos preços praticados na cadeia do aço. Esse é o primeiro efeito concreto da decisão do governo de encomendar um estudo sobre o setor.
Mineradora diz que parecer da SDE é ilegal e incoerente
A Companhia Vale do Rio Doce afirmou ontem no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que o parecer da Secretaria de Direito Econômico (SDE) – que recomenda restrições para que sejam aprovadas aquisições de mineradoras e descruzamento de participações pela Vale – apresenta incoerências e ilegalidades, segundo um dos advogados da empresa, José Inácio Franceschini.
A Vale tenta convencer os conselheiros a aprovarem integralmente as operações, argumentando que a empresa tem importância estratégica para o País. Uma incoerência apontada pela Vale é a sugestão de que, para ficar com as quatro mineradoras adquiridas entre 2000 e 2001 (Ferteco, Caemi, MBR e Socoimex), a empresa tenha de se desfazer de parte da ferrovia MRS.
De acordo com a mineradora, a medida não vai aumentar a competição no mercado interno – como sugere a SDE – porque a ferrovia faz parte de um corredor de exportações que liga minas de ferro aos portos. Ou seja, uma mudança de donos d
Fonte: O Estado de S. Paulo
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