Até o fim do ano, a América Latina Logística (ALL) vai aumentar sua capacidade de transporte. Serão mais cem vagões circulando na linha de Apucarana – Ponta Grossa, o principal corredor de carga do Paraná, o que significa carregar mais 6 mil toneladas de grãos do Norte do estado a Paranaguá. Para isso, a empresa está investindo R$ 60 milhões na troca dos atuais trilhos por outros mais capacitados para agüentar a maior circulação de trens. Até 2010, a empresa quer substituir os trilhos dos 7,2 mil quilômetros da malha que passa por quatro estados.
O ineditismo nas obras é o contrato de serviço firmado entre a empresa privada e o Exército Brasileiro. Os trilhos e dormentes estão sendo trocados pelo 10.º Batalhão de Engenharia de Construção do Exército de Lajes (SC), capacitado para obras rodoviárias. Os primeiros 50 quilômetros do projeto estão sendo realizados em Ponta Grossa.
Estão sendo empregados no serviço 45 soldados, que ficam alojados em vagões. Quatro deles são especializados em obras rodoviárias. O restante do grupo é formado por recrutas, que estão sendo treinados para esse tipo de serviço. As obras não interrompem o trânsito na linha, uma das mais movimentadas do estado – somente pelo trecho Apucarana-Ponta Grossa passam 20 trens por dia. Assim, cada vez que o apito da locomotiva é ativado, os soldados fazem uma pausa no trabalho.
O contrato é positivo para os dois lados. Para a ALL, além da diminuição nos gastos, pela agilidade no trabalho. Os 50 quilômetros do trecho Apucarana-Ponta Grossa devem estar prontos até o dia 23 de setembro. Para isso, os homens do Exército trabalham diariamente dez horas, com uma de intervalo para o almoço, e só têm folga nos domingos à tarde. Segundo o gerente de Via Permanente da ALL, Plínio Tocchetto, a capacidade de mobilização do Exército é maior do que qualquer outra prestadora de serviço, o que, para esse tipo de serviço, é essencial.
A vantagem para o Exército é a experiência que seus homens podem adquirir nesse tipo de serviço. De acordo com o comandante do 10.º Batalhão de Engenharia, Ben-Hur Dutra Lima, a unidade hoje está capacitada para obras rodoviárias e construção de pontes. A experiência do Exército nessas atividades permitiu ao Brasil participar de uma missão de paz em Angola.
A ALL não revela o valor do contrato com o Exército. Tocchetto diz apenas que os custos para a realização da obra ficam entre 5% e 10% mais baratos do que se fosse realizada por outra empresa. E a economia pode ser ainda maior. Segundo Lima, o Exército não visa ao lucro. Além disso, custos com mão-de-obra são retirados da planilha. Só é cobrado o material a ser utilizado e alguma reposição. “Só é cobrado o que é gasto”, afirma Lima.
Os trilhos estão sendo substituídos por outros mais resistentes. A ALL está importando 11 mil toneladas de trilhos da China e da Espanha, e ainda negocia com fornecedores italianos. Segundo Tocchetto, os trilhos retirados serão reaproveitados em outras linhas, e o que for descartado irá para a fusão para depois ser vendido.
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