O superintendente do Terminal de Contêineres de Suape (Tecon Suape), Sérgio Kano, criticou anteontem, em São Paulo, na Intermodal South América, a mudança de traçado do projeto da Transnordestina, em estudo pelo governo federal e cuja principal alteração é a eliminação das áreas centrais das cidades de Salgueiro e Caruaru do roteiro da malha, no seu trecho pernambucano. O executivo criticou principalmente a eliminação do ramal que ligaria Salgueiro a Petrolina, por excluir a produção de frutas do São Francisco do roteiro da malha ferroviária.
“É ruim para Pernambuco. O maior prejuízo que eu vejo (com as mudanças reveladas pelo Jornal do Commercio) é a eliminação do Vale do São Francisco. Eu acho isso uma incoerência muito grande. Como é que uma região que cresce 20% ao ano e representa uma economia de uns US$ 600 milhões pode ficar de fora das interligações ferroviárias”, afirmou Sérgio Kano, depois de questionado pela reportagem do JC na feira de transportes realizada por São Paulo nesta semana que passou. “Tem que ter um ramal para as frutas”.
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Apesar das observações críticas, o superintendente do terminal de cargas disse que acha prematuro fazer um juízo de valor definitivo porque é preciso estudar mais o tema. “O que eu sei até agora é que (o novo traçado) é ruim para Pernambuco. É um problema a ser analisado. Não sei dizer se há prejuízo direto para Suape”, observou.
Na economia do Vale do São Francisco, por outro lado, deve haver problemas, na avaliação da direção do Tecon Suape. Sérgio Kano acredita que, se não houver mudança no traçado atual, não sairá a Hidrovia do São Francisco, prevista para ligar a região do oeste baiano ao porto de Juazeiro e Petrolina. “O que vai ser da Hidrovia do São Francisco? Vai nascer e morrer ali mesmo, sem a interligação com os ramais ferroviários”, prevê.
A preocupação do Tecon Suape com as frutas – que podem vir a ser exportadas pelo Porto de Pecém – não se repete no caso da soja, a ser captada na fronteira com o Piauí e o Maranhão. “Hoje não operamos com grãos. Quem pode ter prejuízo com esta parte das cargas é o Porto de Suape. O problema maior para nós é mesmo não passar por Petrolina”, explicou Sérgio Kano.
Quando perguntado se o Ceará estava sendo beneficiado pelas ações do Ministério da Integração Nacional com as mudanças no projeto, o superintendente do Tecon Suape sinalizou que sim. “O projeto do Ceará não foi alterado”, resumiu-se a avaliar.
Já hoje, mesmo sem facilidades para o Ceará, boa parte das cargas de frutas do Vale são exportadas pelos portos de Salvador, na Bahia, e Pecém, no Ceará. Somente agora, a partir desta safra, é que o Tecon Suape começou a retomar as exportações de frutas.
Conforme balanço divulgado anteontem, a movimentação de contêineres cresceu 39,3% em maio, registrando um crescimento de 11 mil contêineres movimentados no mesmo mês em 2004 contra 15,3 mil em 2005. No acumulado do ano, o crescimento atingiu 35,48%, passando de 52 mil contêineres para 70 mil. Na oportunidade, Kano atribuiu o crescimento à retomada das exportações de frutas. “A quantidade exportada de TEU’s (contêineres de 20 pés) ainda é pequena, se comparada com o número de linhas para os Estados Unidos e Europa à disposição dos exportadores. Mas já é representativa”. Em maio de 2004 não foi embarcado nenhum contêiner de uva. No mês passado, foram enviados 147 contêineres. Antes, essas cargas estavam sendo exportadas pelos Portos de Salvador, na Bahia, e Pecém, no Ceará.
“Governo do Estado não pode ficar omisso”
O deputado federal e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto (PTB) disse ontem que considera que são grandes os riscos de Pernambuco sair-se prejudicado com o desenho da ferrovia Nova Transnordestina se não houver uma participação efetiva no acompanhamento da sociedade e governo estadual da definição do projeto final. Na avaliação do presidente da CNI, o “Se o
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