`Queremos ter uma frota de 4 mil vagões e 300 locomotivas no Brasil até 2010`. A Ferrolease, controlada pela norte-americana Global Railroad Leasing (GLR), quer investir US$ 15 milhões em 2005 para aumentar a participação no mercado de aluguel de vagões ferroviários no Brasil. A empresa, que no ano passado fechou seu primeiro contrato no País, com a Coinbra S.A., prepara-se para comprar 300 novos vagões para alugar a terceiros ainda esse ano. `Estamos negociando com dois grupos por um período de cerca de 10 anos`, disse Estefano Vaine Júnior, diretor administrativo e de finanças da empresa.
Criada em 2002, por meio de uma joint venture entre a GLR (54%) e a brasileira Armazenagem Transporte e Transbordo – ATT (46%), a Ferrolease já aprovou o financiamento de US$ 15 milhões com o banco norte-americano Overseas Private Investment Corporation (Opic) para a compra dos novos vagões. `Queremos ter um uma frota de 4 mil vagões e 300 locomotivas no mercado brasileiro até 2010`, disse Vaine Júnior. O faturamento, que este ano deve ficar em R$ 5 milhões, poderá chegar a R$ 200 milhões nos próximos cinco anos, segundo a empresa.
De acordo com Vaine Júnior, o foco está nos grandes clientes ligados ao agronegócio, como Bunge, Coinbra e Caramuru. A Ferrolease acaba de completar a entrega dos 100 vagões hopper, trazidos dos Estados Unidos para a Coinbra. A empresa investiu R$ 11,6 milhões na compra dos equipamentos, dos quais R$ 5,6 milhões financiados por cinco anos com o Opic, com taxas de juros de 8% ao ano. Com capacidade para 122 toneladas, os vagões estão rodando na rede da Brasil Ferrovias, no trecho entre Alto Taquari (MT) e Porto de Santos (SP), transportando grãos.
Comprados de um pool de fabricantes nos EUA, os vagões foram adaptados para o mercado nacional pela Inepar. `Na época as fabricantes no Brasil não tinham disponibilidade para atender a nossa demanda, mas agora vamos adquirir no mercado brasileiro`, garante ele.
O negócio de aluguel de vagões ainda é atividade nova no Brasil e ganhou fôlego no ano passado, com a entrada da MRC, braço da gigante japonesa Mitsui nesse setor. Vaine Júnior calcula que nos últimos dois anos foram investidos entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões na compra de vagões para locação no País. A participação dos vagões alugados na frota nacional, no entanto, ainda é insignificante: 1% dos cerca de 70 mil vagões. `Nos Estados Unidos, onde há 1,5 milhão deles, a presença do leasing é de 38%`, diz. Nos EUA, 60% do transporte de carga é feito via ferrovia. No Brasil, esse percentual é de 20%. Para o executivo, a tendência das concessionárias de ferrovias concentrarem seus investimentos na via permanente, em detrimento de equipamentos rodantes, como vagões e locomotivas, deverá impulsionar o mercado de locação. `Acredito que pelo menos 80% da demanda anual – em torno de 3,5 mil vagões – será negociada dentro dessa modalidade nos próximos anos`, prevê.
Com sede em Curitiba, a Ferrolease foi a primeira operação da Global Railroad Leasing. Com sede em Mc Lean, na Virgínia, a companhia foi criada com foco na geração de negócios de aluguel de vagões, principalmente no Brasil. A empresa conta como acionistas o Global Environment Fund, fundo de investimento que também faz parte do conselho da América Latina Logística (ALL), e os empresários Bruce Flohr e Barry Ulrich, que participaram do processo de captação de recursos na privatização da Ferrovia Sul-Atlântico e a Ferrovia Centro-Atlântica.
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