Integração para aliviar o trânsito

Responsável pelo trânsito do Centro, por onde passam diariamente cerca de 1,2 milhão de pessoas, o coordenador Modesto Rodrigues Filho, da CET-Rio, apresentou ontem, no Fórum do Centro Histórico, uma proposta para reduzir o tráfego de ônibus nas vias mais congestionadas da cidade. O objetivo é reduzir o número de ônibus no Centro estimulando o uso do metrô por passageiros que vão para a Zona Sul e vêm de Niterói, São Gonçalo e Paquetá. Para isso, seria criada uma linha de integração entre a estação das barcas na Praça 15 e a estação Carioca do metrô.
– A distância entre a estação de metrô mais próxima, a do Largo da Carioca, e a Praça 15 não estimula os passageiros a percorrerem a pé todo o percurso. Eles acabam por usar ônibus como o segundo transporte para chegar a outros destinos na cidade – explica Modesto.

Apesar de, inicialmente, a proposta sugerir que seja instalada mais uma linha de ônibus no Centro para fazer a integração, o que aumentaria os congestionamentos na região, Modesto diz que a medida diminuiria aos poucos a pressão do tráfego realizada pelas outras linhas. Em toda a cidade, circulam cerca de 7.500 coletivos em 453 linhas.

– Ônibus que circulam no Centro e vão para a Tijuca, por exemplo, perderiam demanda e deixariam o trajeto, uma vez que o passageiro de Niterói faria o mesmo percurso usando a malha metroviária – responde o coordenador.

Ele explica ainda que um estudo para avaliar os benefícios e viabilidade da integração já foi pedido ao Rio Ônibus, entidade que congrega as empresas de ônibus do município do Rio. Negociações entre as concessionárias que administram o transporte das barcas e o metrô também seriam necessárias para pôr em prática a sugestão.

De acordo com dados apresentados pela CET-Rio, todos os dias cerca de 700 mil pessoas circulam de trem e metrô. Segundo Modesto, mesmo em um cenário em que todos os passageiros de trens e metrô fossem para o Centro, sobrariam pelo menos 200 mil pessoas nos horários de rush da manhã e fim da tarde que têm o asfalto como única saída.

– Para transportar toda essa gente, são necessários pelo menos 2 mil ônibus. A frota de coletivos é suficiente para encher três avenidas Rio Branco – disse o coordenador, durante o Fórum, que termina hoje no Teatro Nelson Rodrigues. Para o engenheiro de trânsito e professor da UFRJ Fernando Mac Dowel, a proposta da CET-Rio seria uma solução pertinente para melhorar o trafego de ônibus no Centro, contanto que a tarifa entre o ônibus e o metrô seja equiparada ao da tarifa normal, como ocorre em outras integrações do metrô já em operação.

– Uma integração deste tipo mostra que é ainda mais necessária a extensão da Linha 2 do metrô, que ligaria o Estácio ao Largo da Carioca e terminaria em uma futura estação na Praça 15. Seria muito útil também para os passageiros que vêm da Zona Norte – comenta.

Mac Dowel adianta ainda que o acerto entre as barcas e os ônibus de integração tem de ser bem calculado. Caso contrário, podem se formar filas devido ao fluxo de passageiros que chegam pelas barcas até a Praça 15 – volume estimado em cerca de 2 mil passageiros por hora nos horários de maior movimento.

A vantagem de planejar melhor o tempo gasto na viagem com o metrô e não depender dos imprevistos do trânsito são os maiores benefícios observadas pelos passageiros das barcas que ainda precisam circular de ônibus pelo Rio.

– Moro em Niterói e trabalho todos os dias em Ipanema. Uma integração que usasse o metrô pouparia bastante meu tempo porque não precisaria atravessar todo o trânsito de Copacabana – comenta a pedagoga Daniela Tostes, 29 anos, que gasta cerca de 50 minutos entre Ipanema e a estação das barcas da Praça 15. Outro problema do trânsito no Centro, o número de vagas de estacionamento na região, também foi tema do fórum organizado pela prefeitura. Donos de estacionamentos do Centro e de casas noturnas, principalmente na Lapa, já se reuniram para costurar a

Fonte: Jornal do Brasil