Trens municipalizados

A operação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), em Salvador, hoje sob comando do governo federal, deverá ser transferida para a prefeitura municipal. Por trás de todo o processo, está a construção do metrô da capital baiana. Segundo o superintendente da CBTU em Salvador, Pedro Rocha, para que as obras do metrô sejam incluídas no plano de investimentos do Banco Mundial, existe a condição de que a operação das linhas férreas do trecho Calçada-Paripe seja transferida para o município, dentre várias outras exigências. Ontem, o secretário estadual do Planejamento, Armando Avena, confirmou que o governo federal só admite o repasse de recursos para as obras do metrô se houver a cisão da CBTU, ou seja, se a operação for mesmo transferida.

Nesse repasse, serão R$259 milhões para as obras do metrô e R$24 milhões para investimentos nos trechos por onde passam os trens. `O convênio que prevê isso deverá ser assinado nos próximos dias e se o dinheiro não vier ainda este ano, não há como concluir as obras do metrô no tempo previsto. É importante que a prefeitura e a CBTU estejam preparadas desde já para esse processo de transição decorrente da cisão. A linha de transporte ferroviário do subúrbio é muito importante para a população e é fundamental que a transição ocorra sem percalços`, informou Armando Avena. Ele acrescentou que o governo do estado não tem, nem terá qualquer responsabilidade no processo de cisão, pois o comando da operação do sistema caberá à prefeitura.

Na administração municipal, o andamento do processo de cisão está a cargo da Secretaria de Transportes e Infra-estrutura (Setin). O secretário Nestor Duarte, porém, esteve ontem pela manhã cumprindo agenda externa e em reuniões com representantes do Sindicato dos Ferroviários, à tarde, inviabilizando o contato com a reportagem. Por outro lado, o prefeito João Henrique Carneiro estará na estação ferroviária da Calçada, às 9h de hoje, numa visita marcada e solicitada pela própria prefeitura. Na ocasião, o prefeito deverá falar sobre o assunto e aproveitará para fazer o percurso de trem da Calçada até Paripe, passando por todas as estações.

O superintendente Pedro Rocha, por sua vez, explica que não sabe afirmar com precisão como ficará a operação do sistema com a transferência de comando. Ele salienta, porém, que a idéia é recuperar as estações de trem ao longo do percurso e buscar promover o gerenciamento da linha de uma forma mais próxima da realidade da cidade de Salvador. `Hoje, é tudo muito centralizado. A superintendência está vinculada à administração central da CBTU no Rio de Janeiro`, opina. A transferência da operação ao poder público municipal, inclusive, parte de uma idéia do governo federal de integrar as linhas férreas ao sistema de transporte urbano e metropolitano.

Rocha também não deixa de reconhecer que esse tipo de transferência já ocorreu em capitais como Fortaleza e houve problemas. No Rio de Janeiro, segundo ele, a estação ferroviária é privatizada e, no Recife, o comando ainda cabe à CBTU, `embora também já exista indicação de transferência para o município`. Hoje, 18 mil passageiros são usuários diariamente dos 13,5km de linha férrea da Calçada até Paripe. Vale lembrar que a superintendência de Salvador tem hoje suas atividades subsidiadas pelo governo federal, inclusive a tarifa cobrada. O valor integral é R$2,60, mas a passagem custa apenas R$0,50 (com direito à meia para estudantes) e o governo federal subsidia o restante. Com a operação nas mãos da prefeitura, Pedro Rocha ainda não sabe explicar como ficará essa questão.

`É preciso atentar para a questão da sustentabilidade, pois o município realmente deverá dispor de recursos para manter o sistema, melhorando a eficiência e a eficácia na prestação do serviço. Sabemos que um sistema como esse não se mantém em nenhum lugar do mundo apenas com o preço da passagem. É preciso priorizar o transporte público, pois muita gente está deixando de usá-lo porque nã

Fonte: Correio da Bahia