Começaram ontem os trabalhos de reforço do solo no trecho da Linha 4 do Metrô (Vila Sônia-Luz) onde houve um desmoronamento seguido de desabamento parcial de casas, na madrugada de sábado. Equipes do Consórcio Via Amarela, que reúne as empresas responsáveis pela construção da linha, passaram o dia injetando argamassa em uma área de 300 metros de extensão. O acidente ocorreu nas obras do túnel entre as futuras Estações Pinheiros e Faria Lima, perto da Rua Amaro Cavalheiro.
O objetivo é deixar a terra firme para a escavação do túnel ser retomada. Segundo Marco Antônio Buoncompagno, gerente de construção da Linha 4 pelo Metrô , as obras só serão reiniciadas quando for comprovada a segurança no local, o que pode ocorrer até o fim da semana.
Na manhã de ontem, um estacionamento foi parcialmente interditado. A medida, preventiva, foi tomada depois de o proprietário ter solicitado uma vistoria. Mesmo assim, o Metrô mantém como informação oficial a interdição de cinco casas, todas na Amaro Cavalheiro.
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Dos cinco imóveis atingidos, dois abrigavam pontos comerciais: uma lavanderia e uma marcenaria. Segundo a Assessoria de Imprensa do Metrô, o Consórcio Via Amarela firmou ontem um acordo com os proprietários, para os estabelecimentos abrirem as portas em novos endereços, já definidos.
Como outros vizinhos, o dono da lavanderia, Celso Ito, diz que levava sustos com as sirenes que anunciavam as explosões na obra. “A gente até pensa no que poderia acontecer, mas nunca achei que em vários quilômetros de obras fosse cair justo debaixo da minha casa.” O dono da marcenaria, Tomoo Sato, contou no domingo que foi acordado pelo estrondo do acidente. “Saí correndo de casa.”
Vinte e quatro pessoas continuam hospedadas em um hotel pago pelo consórcio. Se a situação se prolongar, as famílias serão alojadas em imóveis alugados. Ontem, várias pessoas saíram para comprar roupas.
Foi o caso das freiras Margarida, de 81 anos, e Inês, de 88. As duas são, na verdade, as irmãs japonesas Taeko e Iaeko Aikawa, e integram o Instituto Secular das Catequistas Missionárias São Francisco de Assis. Como estão idosas, recentemente deixaram o convento para morar com a sobrinha, Helena, mulher do marceneiro Sato.
Surpreendidas pelo desabamento enquanto dormiam, as irmãs tiveram de deixar a casa de camisola. Toda a família está triste com o episódio e ainda avalia os prejuízos.
O Metrô reafirmou que todas as indenizações serão pagas pelo Consórcio Via Amarela, formado pelas empresas Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão e Alston. O grupo dispõe dos seguros exigidos por contrato para garantir o pagamento das indenizações.
Inquérito policial no 14º Distrito Policial vai apurar responsabilidades por desabamento culposo. Testemunhas e vítimas serão ouvidas nos próximos dias. Uma perícia foi feita pelo Instituto de Criminalística (IC) e deve ficar pronta em 30 dias.
Questionado ontem sobre o acidente, governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que o problema foi pontual e garantiu que as famílias serão indenizadas. “Tudo estava sendo monitorado, tanto que as pessoas foram avisadas para sair das casas.”
Não é a primeira vez que ocorre um acidente assim. Em 15 de julho de 1997, a terra cedeu durante a escavação de um túnel entre as Estações Sumaré e Vila Madalena, na Linha 2. Uma casa da Rua Votuporanga desabou.
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