Parada Bananal


Dora trabalha lá em casa. É uma negra elegante, sabe o que diz e está sempre de bom humor. Me pergunto como ela consegue. Mora em Parada Bananal, do outro lado da Baia de Guanabara. Para chegar lá em casa  acorda todos dia as quatro da manhã e pega um trem da Central (não da velha Central do Brasil, mas da nova Cia. Estadual de Engenharia de Transporte e Logística, êta nome) até Saracuruna, depois outro da Supervia até São Cristóvão, depois um ônibus até a Fonte da Saudade porque o metrô não chega. De vez em quando conversa comigo sobre trens. Como sabem os moradores das grandes cidades brasileiras, os motoristas de táxi entendem de política e as empregadas domésticas de transporte ferroviário.  Todas moram longe e nenhuma tem dinheiro para pagar R$ 7,80 que é quanto custa uma passagem de ônibus Parada Bananal-São Cristóvão-Lagoa (contra R$ 3.75 do trem mais ônibus São Cristóvão-Lagoa). E Dora reclama, coitada:


— Vê se o senhor fala com os homens lá da Central para botar mais trens.


O ramal de Parada Bananal é a última fronteira do trem de subúrbio. Dá para perguntar como ele conseguiu chegar até lá. Os nomes das estações são cultura popular pura: Parada Meia Noite, Bongaba, Suruí, Jororó, Parada Capim, Parada Irirí, Parada Bananal, Guapimirim… O trem é diesel (“a óleo”, diz Dora), e leva umas duas horas para percorrer os 37 km e 20 estações. É tão ruim que nem a Supervia quis ficar com ele. Hoje quem opera é a Central-Engenharia-de-Transporte-e-Logística. Mas Dora não reclama disso. Ao contrário, ela quer mais trens.


— São só dois horários por dia, às cinco da manhã e depois às oito. Se você perde o primeiro tem que vir de ônibus.


A informação oficial é que são oito pares de trens por dia. Mas segundo Dora são dois mesmo. E agora nem isso, porque a Central está em greve há 30 dias, embora ninguém saiba,  e o serviço foi interrompido. A informação oficial é que agora sim, por causa da greve, há dois pares de trens por dia. Vá se dormir com um barulho desses, mesmo acordando as quatro. Ou então, pague R$ 7,80 e venha de ônibus.


 * Gerson Toller é jornalista e diretor da Revista Ferroviária.


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Fonte: Folha de São Paulo

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