Pouco antes do pronunciamento que fará hoje às 10h30 da tribuna sobre a Novoeste e a Brasil Ferrovias, o senador Delcidio Amaral falou à Revista Ferrovária.
RF – A que o senhor credita o fato da Novoeste ter sido a concessionária ferroviária que menos progrediu com a privatização?
Delcidio – Costumo dizer que a privatização da Novoeste foi a pior de todas as privatizações que o Governo fez. O modelo estava errado. O fato de uma ferrovia cruzar uma região tão rica como a Novoeste cruza e acabar em Bauru, talvez tenha sido o principal problema desta concessionária. Bauru não é destino, Bauru é passagem. Ferrovia tem que acabar no fim, e o fim de toda ferrovia é sempre um grande porto. Além disso, houve outros problemas, associados à gestão, falta de controle do poder concedente e outros. A única coisa que eu sei que não foi problema de demanda. Só o meu estado, o Mato Grosso do Sul, tem uma demanda ferroviária de mais de 20 milhões de toneladas por ano. Então falta de demanda não foi não. Faltou competência.
RF – O senhor acha que o modelo adotado na alienação da Brasil Ferrovias com a criação de dois dos corredores, um de bitola larga e outro de bitola estreita está correto?
Delcidio – Não me parece o mais correto, já que só um dos sistemas vai acessar o Porto de Santos. No caso, o sistema de bitola larga formado pela Ferroban e Ferronorte. O sistema de bitola estreita, ou seja a Novoeste vai ficar estrangulada, agora não mais em Bauru e sim em Mairinque, que também não é destino, já que não é porto. Mas eu acho que a Funcef, a Previ e o BNDES que são os atuais controladores dos dois corredores vão reparar este equivoco.
RF – O senhor acha que as concessionárias da Brasil Ferrovias podem ter no seu controle clientes como a Bunge e a Copersucar, que se habilitaram ao bid?
Delcidio – Não falo sobre nomes, mas sim sobre conceito. Não me parece adequado o controle de uma ferrovia ser exercido por uma empresa que tenha um objeto que conflita com o objeto de uma ferrovia independente.
RF – O que o senhor acha da Novoeste não ter pago ao Governo o valor de sua concessão alegando mudança no mercado de transporte?
Delcidio – Não tenho elementos para responder esta pergunta já que não conheço o detalhe do problema. Mas como principio, divida é divida. Combinou tem que pagar. Combinado não é caro nem barato. Só é combinado. Mas este é um problema da ANTT.
Seja o primeiro a comentar