A crise de renda que eclodiu sobretudo na área de grãos alterou o perfil da movimentação de cargas agrícolas nos principais portos do país no ano passado. Mas, de uma maneira geral, a movimentação total aumentou. Na rota até as principais portas de saída das exportações do agronegócio brasileiro, o transporte ferroviário avançou sobre o modal rodoviário, principalmente pelos menores custos e por investimentos no sistema. Estima-se que o frete ferroviário seja, em média, 30% inferior ao rodoviário para distâncias acima de 500 quilômetros.
Em Paranaguá (PR), a movimentação do complexo soja – carro-chefe agrícola no porto – cresceu para 11,86 milhões de toneladas em 2005, apesar das restrições locais em relação à soja transgênica. Em 2004, foram 11,44 milhões. Até o porto paranaense, o transporte de soja em grão por vagões cresceu 20% de 2004 para 2005. Na mesma comparação, a utilização do modal rodoviário caiu 12,5%. No farelo de soja, o uso dos trilhos subiu 14%, enquanto o transporte por rodovias cresceu 6%.
Da movimentação total em Paranaguá, o farelo teve participação menor em 2005, pela queda da demanda externa. Mas Eduardo Requião, superintendente do porto, comemorou a receita cambial total (incluindo cargas não agrícolas) de R$ 9 bilhões registrada e estima alcançar R$ 10 bilhões em 2006. Ele credita o avanço da movimentação agrícola à diversificação de cargas. Perdemos em frango e em farelo, mas compensamos com madeira. Para este ano, estamos prevendo uma movimentação de até 460 mil toneladas a mais dessa carga.
Requião lembra que os operadores portuários e o próprio porto têm investido para elevar a capacidade de embarque e reduzir gargalos. Entre as obras em curso estão um armazém para 33 mil toneladas em Ponta Grossa (PR) e um terminal de álcool para atender à demanda do Japão. Investimos R$ 150 milhões nos últimos dois anos e ainda temos R$ 330 milhões em caixa, afirma.
Em Santos (SP), a movimentação agrícola total cresceu de 34,9 milhões de toneladas em 2004 para 38,7 milhões em 2005. No caso do complexo soja – segundo lugar no ranking agrícola do porto, atrás do açúcar -, trafegou por ferrovias 55% do volume total de 9,4 milhões de toneladas em 2004. Segundo Renato Khalil, superintendente da Portofer (do grupo Brasil Ferrovias), a fatia chegou a 56% no complexo soja em 2005, quando foram escoadas 10,3 milhões de toneladas. A Portofer, que administra as linhas na área do porto, projeta para 2006 novo aumento da participação, para 60%.
No escoamento de açúcar por Santos – açúcar e soja representam 76% da movimentação agrícola do porto -, a participação dos trilhos subiu de 14%, em 2004, para 20% em 2005. O volume embarcado cresceu de 10,9 milhões para 12,4 milhões de toneladas em igual comparação.
Em Rio Grande (RS), a quebra da produção gaúcha em 2004/05 por conta da estiagem foi a vilã. Ali, o movimento agrícola atingiu 3,29 milhões de toneladas em 2005, ante 6,2 milhões no ano anterior. Mas também em Rio Grande a importância das ferrovias cresceu – de 23%, em 2004, para 40% em 2005. Já a das rodovias recuou de 66% para 46%. O
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