Com a compra da Brasil Ferrovias, a América Latina Logística (ALL) terá de investir mais em 2006. Somente na malha ferroviária arrematada por R$ 1,4 bilhão no início de maio, a empresa deve aplicar entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões. O principal destino do dinheiro será a recuperação de parte de uma frota de 3,2 mil vagões que não receberam manutenção adequada.
No total, o grupo investirá cerca de R$ 500 milhões para expandir suas operações no Brasil em 2006 – valor que inclui gastos previstos para a malha que já era administrada pela ALL e que passa pelo Paraná, Santa Catarina e norte da Argentina. Deste montante, espera-se que R$ 200 milhões sejam injetados pelos clientes, que compram vagões e locomotivas para uso próprio.
A aquisição da Brasil Ferrovias transformou a ALL na operadora com a maior malha ferroviária na América do Sul. São quase 22,7 mil quilômetros de trilhos que chegam aos principais portos do Sul e Sudeste. A expectativa na área de logística é que a ALL reforce os investimentos nas concessões que eram da Brasil Ferrovias e obtenha ganhos de produtividade, em especial no transporte de produtos agrícolas.
Segundo dados do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre), no estudo intitulado “Dez anos de privatização”, com os investimentos feitos nos últimos anos, a ALL conseguiu elevar em 111% o volume transportado nos trechos que administra desde o fim da década de 90, de 6,847 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU) para 14,450 bilhões de TKU. Com a Brasil Ferrovias, o número será elevado em 10,872 bilhões de TKU.
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Mas esse volume pode ser ampliado facilmente, de acordo com o diretor de operações da ALL, Sérgio Pedreira. Segundo ele, no agronegócio, as empresas usam o limite da ferrovia e transportam o resto por meio de rodovia. Ou seja, com um maior número de locomotivas e vagões, a capacidade pode ser elevada. É o que esperam os clientes da Brasil Ferrovias.
O vice-presidente da Caramuru – uma empresa de alimentos com forte atuação no esmagamento de soja –, César Borges de Sousa, conta que a operação da Brasil Ferrovias deixava muito a desejar. “Tivemos muitas dificuldades para renegociar contratos, pois a gestão era muito morosa. Em alguns momentos, esses contratos não foram cumpridos. Mas acreditamos que isso vai mudar agora”, afirma o executivo. A empresa é um dos principais clientes e sócio da concessionária no Armazém 39, no Porto de Santos e, nos últimos anos, comprou 112 vagões e 5 locomotivas, entregues à operadora ferroviária.
A Brasil Ferrovias geria 6,3 mil quilômetros de linhas que ligam São Paulo a Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Para comprar a concessão, a ALL repassou 20,2% de suas ações aos acionistas da Brasil Ferrovias, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os fundos de pensão Previ e Funcef.
Produtividade no setor cresce
O capital investido no setor ferroviários nos últimos 10 anos, cerca de R$ 10 bilhões, elevou consideravelmente a capacidade operacional das ferrovias. Segundo o estudo “Dez anos de privatização”, desde 1996 a produção aumentou 72%, de 128 bilhões para 221 bilhões de TKU. Além disso, conseguiu reduzir em 58% o índice de acidentes. Cerca de 72% dos R$ 10 bilhões investidos no setor vieram de quatro concessionárias.
Para este ano, a expectativa é que as concessionárias invistam R$ 2,3 bilhões, o que aumentará a produção entre 9% e 11%, para 245 bilhões de TKU. Até 2008, serão cerca de R$ 7,1 bilhões de investimentos no setor, calcula a Associação Nacional de Transportadores Ferroviários (ANTF).
Hoje os grandes nomes do setor ferroviário são Vale do Rio Doce, CSN e GP Investimentos, principal acionista da ALL. Apesar disso, o diretor da ANTF Rodrigo Vilaça afirma que o setor ferroviário brasileiro não é concentrado. “As grandes ferrovias no mundo têm malhas superiores a 40 mil km. Iss
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