Depois de registrar recorde de produção e de faturamento no ano passado, a indústria de equipamentos ferroviários prevê queda de R$ 500 milhões em sua receita bruta neste ano, devido à retração das encomendas das concessionárias. Os fabricantes de vagões e de seus componentes – como rodas de aço, freios eletrônicos, rolamentos e eixos – deverão demitir cerca de 2,5 mil funcionários para adequar seus quadros à nova realidade do mercado. As informações são do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre), que prevê faturamento de R$ 2 bilhões do segmento em 2006.
Os investimentos das concessionárias ferroviárias de carga em material rodante serão inferiores aos do ano passado. Os principais contratantes são a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a MRS Logística, seguidas em menor volume pela América Latina Logística (ALL), que recentemente arrematou a malha da Brasil Ferrovias. Conforme dados do Sim efre, as encomendas de vagões deverão ficar em 4 mil unidades neste ano, frente a 7 mil encomendados em 2005. O diretor-executivo do sindicato, Francisco Petrini, explica que o setor preparou-se para atender a uma demanda média anual de pelo menos 6 mil unidades:
Temos grande preocupação porque a indústria contratou e investiu no ano passado para atender a uma grande demanda. A queda acarretará prejuízo e cortes nos quadros de funcionários. O mercado anunciou em 2005 uma demanda de 21 mil vagões para o triênio 2006, 2007 e 2008. Portanto, esperávamos pelo menos empatar a produção de 7 mil vagões registrada no ano passado. Só podemos esperar agora uma melhora no próximo semestre e torcer por uma efetiva retomada a partir do próximo ano, afirma o diretor do Simefre, entidade que reúne cerca de 60 empresas ligadas ao setor.
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Fabricante de componentes para sistemas de freio ferroviário em São Paulo, a Knorr-Bremse Brasil precisou reduzir seu quadro de funcionários para adequar seu volume de produção à demanda. O gerente comercial da empresa, Affonso Galvão Bueno Filho, não informa quantas pessoas foram demitidas ou o volume da queda de produção.
Empresas terão de alterar operação
Ele explica que as projeções apontam para a manutenção da produção de vagões em 4 mil unidades nos próximos quatro anos. Por isso, as empresas precisarão rever seus planos para o novo cenário, promovendo ajustes na operação.
Será difícil repetir, em médio prazo, a produção do ano passado. Nós esperávamos uma queda da produção de vagões neste ano, mas para cinco mil unidades. O mercado mostrou-se, no entanto, mais retraído do que isso. O problema é que o setor tem atualmente uma grande ociosidade, que deverá aumentar ainda mais neste ano, afirma o executivo, que garante existir pouca ociosidade na Knorr-Bremse. A empresa é subsidiária da alemã Knorr-Bremse Systeme für Schienenfahrzeuge GmbH, sediada em Munique, líder mundial em seu segmento.
De acordo com dados apresentados pela Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), a capacidade instalada da indústria gira em torno de 12 mil vagões anuais. Pelos cálculos, a oferta de produçã o de vagões no mercado brasileiro será três vezes maior do que a demanda esperada para este ano, o que representa uma ociosidade de 66%. O setor tem ainda capacidade instalada para 160 mil rodas ferroviárias, 40 mil eixos ferroviários e 12 mil sistemas de freios automáticos. A ociosidade nas fábricas destes equipamentos está estimada em aproximadamente 25% pelo mercado.
Para prevenir-se do aumento da ociosidade da fábrica, a MWL Brasil pretende elevar neste ano a participação das rodas para trens de passageiros na composição produtiva de sua fábrica, localizada em Caçapava (SP). A empresa produz basicamente rodas forjadas para vagões de carga e de passageiros. Segundo o diretor superintendente, Samuel Vieira Gambier Neto, a empresa também está participando de licitações internacionai
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