O modelo de desenvolvimento que elevou consideravelmente a capacidade operacional das ferrovias e teve como resultado um crescimento no setor de 62% na última década não pode ser encarado como garantia de crescimento futuro. A avaliação foi feita pelo presidente da ANTF, Mauro Dias, durante o lançamento da Agenda Estratégica para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário de Cargas nesta quinta-feira (dia 1º), em São Paulo.
A entidade, que está comemorando 10 anos de concessão ferroviária, elegeu 10 pontos como fundamentais para a manutenção do desenvolvimento e crescimento do setor na próxima década. Entre eles, a eliminação dos gargalos, o desenvolvimento da intermodalidade, a expansão da malha e a efetivação de mudanças na regulamentação foram considerados prioritários — a Agenda Estratégica abordará ainda os seguintes pontos: RFFSA, tributação, fornecedores, segurança, tecnologia e gente.
“Os resultados dos últimos 10 anos foram decorrentes da alocação de recursos privados, visando a recuperação das malhas e o rearranjo societário para o crescimento do setor. Mas os ganhos de produtividade, o investimento em material rodante e em locomotivas e vagões, esse modelo não garante que o setor continue crescendo porque agora estamos esbarrando nos gargalos físicos de infra-estrutura”, disse ele.
Tendência de crescimento
Na avaliação de Mauro Dias, que também é presidente da FCA, este deve ser principal foco da ferrovia nos próximos anos. “Se não partimos para a solução desses gargalos, de nada adianta investir na compra de mais vagões e locomotivas, uma vez que isso só contribuirá para o saturamento da malha, com o risco de queda na produção.” A tendência, segundo ele, é de crescimento, mas tudo dependerá da resolução de problemas que hoje impedem, por exemplo, a movimentação do volume total da produção nacional de soja, que é uma carga cativa da ferrovia — cerca de 30% da produção brasileira é transportada por caminhões.
O executivo destacou que em 10 anos de concessão ferroviária, período no qual foram realizados investimentos de cerca de R$ 10 bilhões, as operadoras atingiram um aumento de 62% na produção (de 137bilhões para 222 bilhões de TKUs), a redução de 56% no índice de acidentes e o crescimento de 85% no volume de cargas gerais, com destaque para o agro-negócio e produtos de maior valor agregado como eletroeletrônicos e automóveis.
Brasil nos Trilhos
A Agenda Estratégica para o Setor Ferroviária e as perspectivas para o setor serão apresentadas no seminário “Brasil nos Trilhos – As ferrovias trilhando o século 21”, que a ANTF realiza no próximo dia 7 de junho, no Blue Tree Alvorada, em Brasília (DF), e que tem como tema central – “Cenário atual e futuro das ferrovias”.
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