A depender da carteira de pedidos do BNDES para a área de insumos básicos, a trajetória ascendente dos investimentos, revelada semana passada pelo IBGE, não deverá sofrer descontinuidade. De acordo com dados fornecidos ao Valor pelo diretor de infra-estrutura, Wagner Bittencourt, projetos de siderurgia, metalurgia, petroquímica e papel e celulose deverão absorver R$ 5 bilhões dos financiamentos do banco ou 66% acima dos R$ 3 bilhões de 2005.
Estes empreendimentos são, em sua maioria, de aumento de capacidade instalada das empresas, e muitos comportam novas plantas, disse Bittencourt. No conjunto, as áreas de infra-estrutura e insumos básicos deverão captar do banco R$ 15 bilhões, com crescimento de 23% sobre os R$ 12,2 bilhões do ano passado, percentual ligeiramente acima da estimativa de aumento dos desembolsos totais do banco de 21%.
O crescimento mais modesto para projetos de infra-estrutura (10%) explica porque no total das duas áreas a expansão é menor do que no setor de insumos básicos. Ele ressalta que os projetos de infra-estrutura estão com um ritmo mais normal, com todos segmentos crescendo, como a área de ferrovias, energia elétrica, telecomunicações. Ano que vem cresceremos mais 20%, pressagiou.
Bittencourt considera que a indústria minero-metalúrgica e de metais está vivenciando um novo ciclo de investimento estimulada por questões ambientais e pelo crescimento da demanda global por estas matérias primas. O ciclo é positivo e o investimento tende a acontecer. Não há sinais de engavetamento de projetos. Eles são todos de longo prazo, destaca. Ele acredita que a indústria brasileira de máquinas e equipamentos poderia estar vendendo muito mais para as empresas brasileiras se não fosse a concorrência chinesa, que é hoje uma realidade.
Somente no setor de siderurgia e metalurgia os desembolsos do BNDES estão previstos este ano em R$ 2,4 bilhões, ante R$ 880 milhões liberados no ano passado. Do total previsto para 2006, R$ 900 milhões já foram analisados, enquadrados, aprovados e contratados.
Grande parte desses projetos se refere a implantação de novas plantas, como uma pelotizadora e uma coqueria previstas pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na região da sua mina de Casa de Pedra, em Minas Gerais, que também conta com um projeto de expansão. Também já foi anunciado pela CSN a construção de uma nova usina de placas de aço em Itaguaí, no Estado do Rio. A construção da Ceará Steel, uma nova siderúrgica no Ceará, que envolve investimentos de cerca de US$ 750 milhões, dos quais US$ 75 milhões deverão sair dos cofres do BNDES, já está em andamento.
O BNDES prevê desembolsar este ano R$ 1,9 bilhão para o setor de papel e celulose, alta de 46% em relação aos R$ 1,3 bilhão de 2005. Os projetos em curso, como o da duplicação da Bahia Sul, deverão dobrar a capacidade instalada do setor, cuja produção é totalmente voltada à exportação.
O setor petroquímico deverá receber R$ 750 milhões em recursos do BNDES pra financiar projetos voltados para insumos básicos e resinas termoplásticas. O projeto de uma nova planta petroquímica da PQU, da ordem de R$ 850 milhões de investimento total, dos quais R$ 450 milhões do BNDES, já foi aprovada pelo banco. Também a nova unidade da Polietilenos União, em São Paulo, orçada em R$ 380 milhões, dos quais R$ 220 milhões do banco, já teve o sinal verde.
Nos setores de infra-estrutura, Bittencourt prevê liberar este ano R$ 3,9 bilhões para projetos de energia elétrica, R$ 2,5 bilhões para gás e petróleo, R$ 2,1 bilhões para telecomunicações e R$ 1,5 bilhão para logística, onde se destacam negócios da área ferroviária. Só para a Transnordestina, projeto de R$ 4,5 bilhões, o banco aprovou na semana passada uma linha de R$ 900 milhões.
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