As obras para a construção do primeiro trecho da Transnordestina — de Missão Velha, no Ceará, até Salgueiro, em Pernambuco, totalizando uma extensão de 100 km — devem começar na primeira quinzena de julho. A data marca o fim do prazo para “mobilização da obra”, que inclui a chegada das máquinas a serem utilizadas e a construção de um canteiro de obras para aproximadamente 100 homens.
A previsão dos realizadores da obra é concluir essa primeira fase em 12 meses e terminar toda a extensão do projeto em quatro anos. Nesse primeiro período, devem ser consumidos R$ 200 milhões, parte dos R$ 4,5 bilhões da obra inteira. O diretor Financeiro da Companhia Ferroviária do Nordeste, Ângelo Batista, explica que esse orçamento inicial inclui modificações de duas naturezas: de infra-estrutura e de superestrutura, cabendo a cada uma delas R$ 100 milhões.
No primeiro grupo, estão todas as alterações necessárias ao terreno para que este seja capaz de suportar o enorme peso da ferrovia. Entram terraplanagem, alinhamento e drenagem do solo, para permitir o tráfego dos trens. A obra deve empregar, nesse primeiro momento, cerca de 100 pessoas. O projeto global prevê gerar 70 mil empregos, dentre diretos e indiretos.
Essas obras estão previstas no contrato firmado com a empreiteira EIT, selecionada para conduzir e realizar as obras. A estimativa de Barreira é de concluir toda essa estrutura em um período de seis meses. O coordenador de engenharia da CFN, Alexandre Barreira, acrescenta que no caminho serão necessárias “obras de arte especiais”, referindo-se a duas pontes e três viadutos apenas naquele pedaço.
Após as primeiras melhorias no terreno, daqui a aproximadamente dois meses, tem início o trabalho de superestrutura. O primeiro passo é fazer o lastro, distribuindo uma camada de brita sobre o solo para que ele receba a ferrovia. Acrescentam-se os dormentes, placas de material sólido que sustentam os trilhos, último componente a ser acrescido.
Ângelo Batista revela que as negociações ainda não estão concluídas. “Por dois meses, as obras vão ser apenas de infra-estrutura, criando as condições para as próximas fases”, pontua. “Mesmo que o contrato já tivesse sido assinado, a empresa que fará a superestrutura não teria condições agora para começar a trabalhar”, argumenta.
IMPORTADOS – Os componentes a serem usados nessa primeira fase serão adquiridos tanto no mercado interno, como no externo. Os trilhos certamente serão adquiridos no exterior, uma vez que não existe produção nacional nesse perfil. Os dormentes, feitos de aço, podem ser adquiridos no Brasil desde que alguma empresa demonstre envergadura suficiente para entregar a quantidade necessária em tempo hábil. Para os fornecedores nordestinos, principalmente do Ceará, do Piauí e de Pernambuco, existe a oportunidade da venda de brita.
PROJETO – A Transnordestina vai ligar a região, com três extremidades. Partindo de Eliseu Martins, no Piauí, ela segue até uma bifurcação em Salgueiro, em Pernambuco. Desse ponto, seguem duas vias: uma para o Pecém, no Ceará, e outra para Suape, em Pernambuco.
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