Os fundos de investimentos em participações (FIPs), também conhecidos como de “private equity” estão começando um novo ciclo de investimentos. Na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já foram informados esse ano a criação de pelo menos dez fundos, que somam mais de R$ 5 bilhões em patrimônio, incluindo os que obtiveram dispensa de registro. Entre as novas carteiras, está o fundo Logística Brasil, de R$ 500 milhões, e o AG Angra Infra-estrutura, de R$ 750 milhões.
Os números deste ano superam, de longe, os de 2005, quando foram registrados fundos que somavam R$ 2,1 bilhões. Em 2004, foram R$ 1,42 bilhão.
A onda de aberturas de capital de empresas na bolsa – iniciada em 2004 e que ganhou força no ano passado e neste primeiro semestre – ajudou, com os sinais positivos dados aos investidores.
Nesse período, das 20 ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) do mercado, os fundos de private equity participaram de 13, o que permitiu vislumbrar para os gestores a porta de saída para os investimentos. Entre elas, estão a administradora de cartões CardSystem, a fabricante de cartões e cheques, American BankNote e a empresa de softwares, Totvs. Esta última vai contar seu “case” em evento na quarta-feira, em São Paulo, promovida pela Associação Brasileira de Private Equity (ABVCap).
O desinvestimento, aliás, era a grande preocupação dos participantes desse segmento quando iniciou o primeiro ciclo de investimento, no período de 1995 a 1998, avalia Marcus Regueira, o novo presidente da ABVCap. “É mais um ponto positivo para incentivar uma nova rodada de investimentos e a formação de novos fundos”, diz.
No Brasil, as estimativa são de que os fundos já levantaram mais de US$ 4 bilhões nos últimos 12 meses com ofertas de ações. Um levantamento da Emerging Markets Private Equity Association (Empea), com sede em Washington, mostra que isso é uma tendência entre todos os países emergentes. A entidade estima que os IPOs renderam US$ 21,2 bilhões para os private equity em 2005, o triplo do ano anterior.
Além disso, os agentes do mercado conseguiram mais recentemente maturar a nova legislação. Apesar de existirem sob a forma de estruturas “offshore” ou como fundos de empresas emergentes ou mesmo fundos de ações tradicionais, os investimentos em “private equity” no Brasil só ganharam sua formatação própria por meio da Instrução 391, editada por Luiz Leonardo Cantidiano, então presidente da CVM, em julho de 2003.
“Houve um período de discussão e preparação nos últimos anos, alguns fundos que estão sendo registrados já vinham sendo discutidos há algum tempo e agora se concretizam”, lembra o próprio Cantidiano, agora à frente do escritório Motta, Fernandes Rocha Advogados. “Temos recebido consultas. Muitas empresas perceberam que os concorrentes estão indo a mercado ou a investidores de private equity e estão conseguindo captar e crescer, então isso gera um interesse maior por esses mecanismos”, diz.
O advogado Antonio Felix de Araujo Cintra, sócio do Tozzini, Freire, Teixeira e Silva Advogados concorda. Ele acredita inclusive, que a volatilidade e a turbulência que se instalaram no mercado desde maio, atrapalhando as novas ofertas de ações, favorecem, de certa forma, o novo ciclo dos fundos de participação. “Antes, o mercado estava tão propício, que as empresas, independentemente do perfil e de já ter passado antes por um investidor de private equity, já iam direto para o Novo Mercado abrir capital”, disse Felix, lembrando que o ciclo mais eficiente para acessar o mercado de capitais é a empresa passar por uma transição preparatória num fundo de participações antes da listagem em bolsa.
Neste contexto, a atual queda das bolsas vai ajudar os fundos de private equity, avalia Alvaro Gonçalves, sócio da gestora Stratus Banco de Negócios e ex-presidente da ABVCap. “As empresas vão ter consciência de que precisam se preparar mais e melhor para ir para ao mercado”, afirma. E
Seja o primeiro a comentar