As concessionárias de ferrovia devem investir R$ 2,35 bilhões este ano em melhoria da malha e compra de material rodante. Em 10 anos de privatização da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA), as empresas aportaram recursos da ordem de R$ 16 bilhões. As 11 empresas gerenciam 28.239 quilômetros de malha ferroviária.
O presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Mauro Dias, disse que nos próximos dez anos o modal deve ser responsável por 35% da matriz do transporte no Brasil. Hoje, a ferrovia transporta 25% das cargas no País e, em 1996, quando começou as concessões, a participação do modal era de 19%.
Mas, para isso, segundo Dias, investimentos em infra-estrutura devem ser realizados pelo governo federal. A associação estima que precisam ser aportados cerca de R$ 4,2 bilhões, até 2008, para eliminar os gargalos existentes hoje na malha. Os ganhos que tivemos durante uma década de concessão não garantem que continuemos a crescer porque estamos esbarrando nos gargalos da infra-estrutura, afirmou Dias. As operadoras, segundo ele, devem investir neste período R$ 7,1 bilhões em toda a malha ferroviária.
Dias ressaltou que a associação mapeou os trechos de estrangulamento da malha ferroviária e identificou 824 focos de invasão de faixa de domínio, sendo 430 já consolidados. Isso reduz a produtividade das empresas e, conseqüentemente, o crescimento do transporte. Segundo ele, a cada dois quilômetros de ferrovia há um ponto de passagem de nível. Foram identificadas 134 pontos prioritários que demandarão investimentos estatais de cerca de R$ 400 milhões.
Dias acrescentou que ANTF está elaborando uma agenda de desenvolvimento para estruturar o crescimento do modal no País. Além da necessidade de melhoria da via, há outros pontos que precisam ser atendidos, como a desoneração do Imposto de Importação das peças que são compradas pela indústria no exterior, já que não existe similar nacional, acrescentou Dias.
Somente para a importação de trilhos a alíquota do imposto é de 2% sobre o valor importado. Para este ano, segundo ele, as empresas prevêem a compra de 169 mil toneladas de trilhos. Por tonelada, pagamos US$ 1 mil, ou seja, importaremos R$ 169 milhões e o governo federal vai arrecadar cerca de US$ 3,4 milhões, afirmou Dias. Em contribuições, impostos e arrendamento da malha, as empresas arrecadaram de 1997 a 2005, R$ 5,6 bilhões. É um valor que poderia ser revertido para o setor, ressaltou o presidente da ANTF.
Nestes 10 anos de concessão, a produção da ferrovia cresceu 62%, de 137 bilhões de toneladas por quilômetro úteis (TKUs) em 1996 para 222 bilhões TKUs este ano.
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