A nova geração de projetos brasileiros apresentados na ONU para obtenção de créditos de carbono conta com uma participação crescente de setores industriais e de transportes. Os primeiros projetos, ao contrário, eram voltados para a queima de gás metano em aterros sanitários, mais atrativos por envolverem investimentos baixos (cerca de US$ 2 milhões para aterros de porte médio) e risco pequeno para os investidores, ainda inseguros para apostar grandes valores em um mercado incipiente.
No entanto, a maturação do mercado de carbono ligado ao Tratado de Kyoto – que permite aos países e empresas poluidoras compensarem as suas emissões comprando créditos de carbono de companhias consideradas limpas – e a aprovação de novas metodologias para a geração do crédito já estão motivando uma série companhias a elaborarem projetos diferenciados. Este é o caso da Braskem, da Aracruz e até do Metrô de São Paulo.
O volume de transações cresceu exponencialmente e o preço médio dos créditos também subiu, diz o diretor da área de estruturação de projetos da KPMG, Alan Riddell. O número de certificados de redução de emissões vendidos cresceu de 500 milhões em 2004 para 2,5 bilhões no ano passado. No primeiro trimestre deste ano, o volume chegou a 900 milhões de certificados.
Foi pensando nisso que a petroquímica Braskem decidiu desenvolver projetos em todas as suas 13 unidades para reduzir a emissão de gases estufa. Há algum tempo estamos planejando mas só agora sentimos que seria um negócio seguro, diz o vice-presidente de competitividade empresarial, Roberto Ramos.
A companhia prevê investir US$ 30 milhões nos próximos três anos para reduzir a emissão de 1 milhão de toneladas de gás carbônico por ano, o que representa uma queda de 20% nas emissões atuais. Como a tonelada vale cerca de US$ 10, o ganho deve ser de US$ 10 milhões por ano. Há três meses, a companhia contratou a consultoria americana ERM para fazer o inventário dos gases emitidos pelas suas fábricas.
O primeiro projeto da Braskem – ao todo são 20 – deve sair do papel entre este ano e o próximo em uma fábrica da empresa em Camaçari (BA), onde será feita a troca de um combustor de amônia, que libera um gás nitroso, 310 vezes mais poluente que o gás carbônico.
Outras modalidades de projetos que estão sendo aprovadas pela ONU – na área de eficiência energética e troca de combustíveis – devem aumentar o desenvolvimento de novas iniciativas, de acordo com Riddell, da KPMG. A área de transporte é uma com grande potencial, mas ainda enfrenta dificuldades para aprovação de metodologia. É muito difícil conseguir aprovar as medições de redução de gases nesta área, explica Marco Monroy, presidente da MGM, empresa americana especializada em consultoria e venda destes créditos no mercado internacional.
Este será um desafio para o metrô paulista, que está preparando o que pode ser o primeiro projeto de créditos de carbono na área de transportes do mundo. Com a construção da linha 4, que ficará pronta em 2012, o metrô prevê reduzir a emissão de 250 mil a 300 mil toneladas de gás carbônico ao ano, graças à diminuição do número de passageiros de ônibus e automóveis.
No entanto, como não é possível medir com exatidão o número de pessoas que deixarão de usar seus carros, o projeto deve pleitear créditos equivalentes a cerca de 10% dessa redução de emissões. No caso dos ônibus, a avaliação é mais fácil.
Não existe nenhuma metodologia já aprovada nesta área, diz Luiz Antônio Cortez, responsável pela área ambiental. O plano do Metrô é fazer um leilão destes créditos na BM&F, segundo ele. A Colômbia tem um projeto semelhante, ligado à expansão do sistema de ônibus em Bogotá, que ainda não foi aprovado.
Um dos principais entraves para os novos projetos é demonstrar que a empresa está fazendo um investimento adicional para obter o crédito de carbono. Se o projeto reduz os custos ou seria feito de qualquer forma, sua apr
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