Mais ou menos na época em que o mega-aeroporto de São Gonçalo do Amarante estiver pronto – previsões otimistas apontam que em 2009 – outra grande obra deverá estar em implantação no Rio Grande do Norte. É a do ramal ferroviário de 470,2Km, que vai ligar Mossoró a Natal cortando os principais pólos produtivos do estado. O projeto inclui a construção de um terminal de granéis sólidos em Areia Branca, uma reforma no porto da capital e a perspectiva de gerar uma logística mais competitiva, reduzir custos e originar negócios por onde passar. Ele vai custar R$ 829 milhões. Deve se tornar realidade em seis anos, embora ainda seja uma incógnita a data em que começará a sair do papel, provavelmente através de Parceria Público-Privada e com recursos da União.
Segundo o estudo de viabilidade técnica e econômica do projeto, o eixo irá de Natal a Mossoró com ramificações em São Gonçalo do Amarante, Afonso Bezerra, Macau, Guamaré, Assu, Jucurutu e Areia Branca. Para tanto serão recuperados 240Km de linhas férreas – sendo 203,1Km do trecho Ceará Mirim-Macau e 38,9Km do trecho da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) – além de construídos mais 228,2Km. Através do ramal poderão ser transportadas mercadorias como minério de ferro, calcário, cerâmica, açúcar refinado, cimento ensacado, frutas, óleo diesel, e sal. Os dados fazem parte da opção C do estudo, escolhida entre outras duas, de acordo com o presidente da Companhia Docas do RN (Codern), Renato Fernandes, por ser a mais completa.
O levantamento ficou a cargo da empresa Planejamento em Transporte e Consultoria (Petcon), exigindo o trabalho de 15 profissionais para analisar as áreas econômica, de engenharia e de estudos operacionais ferroviários. Como foi concluído, abriu caminho para a busca de recursos. A governadora Wilma de Faria, por exemplo, conseguiu junto ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, o compromisso de inclusão do projeto no Orçamento 2007 da União. Já Codern, Associação Comercial e Industrial de Mossoró (Acim) e Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico estão contatando empresas de vários setores.
‘‘Queremos saber quem tem a intenção de participar, como e com quanto’’, diz Renato Fernandes, acrescentando que uma empresa chinesa de exploração de minério de ferro e calcário já demonstrou interesse. Também pode haver a participação de instituições de fomento nacional e internacional. Só não existe a possibilidade de financiamento unilateral, como explica o economista e consultor da Petcon, Antônio Luis Soares. ‘‘O custo é alto, depende de toda uma engenharia financeira. Os recursos podem vir de maneira isolada para a recuperação de um trecho, construção de outro’’, observa o especialista.
E numa estimativa preliminar, calcula que dos R$ 829 milhões, 25% deverão ser investidos pela iniciativa privada. Todo o estudo, incluindo essa parte financeira, faz projeções para 30 anos, prazo estimado para a maturação do projeto. O retorno obtido com ele foi calculado sob a ótica do investidor, que ganharia segurança no sentido de produzir e ter quem transporte, além de redução de custos. ‘‘O setor privado precisa de no mínimo 20% de retorno financeiro ao ano, exigência do mercado. Por isso um projeto desse tipo só seria interessante a partir do quinto ou sexto ano porque gera negócios paralelos. Já para o estado qualquer resultado positivo é bom. Estimamos a partir do terceiro ano, mais ou menos, um retorno anual de 8%’’, completa.
Os entusiastas dizem que o projeto é estruturante e os especialistas completam que, entre outras coisas, deve aumentar em cerca de 17% a arrecadação de ICMS no RN. Embora ainda não se saiba quando começará a ser concretizado, há a expectativa de que as obras durem seis anos. Em 10 o dinheiro investido deve ser reembolsado. Nesse momento, uma das incógnitas é quem vai gerenciar o sistema. As entidades envolvidas querem conversar com a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) que, comentava-se em evento
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