A empresa Transnordestina S/A, criada em 1998 para viabilizar a construção da ferrovia com o mesmo nome, vai ser incorporada à Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) até o final do mês. A informação é do diretor administrativo e financeiro da CFN, Jorge Mello, antecipando que dentro do processo de reestruturação o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai passar a ser sócio minoritário da empresa, com uma participação estimada em 8%. O percentual ainda não está fechado, estamos negociando o valor. Vimos que era necessário juntar as atribuições da CFN com os projetos desenvolvidos pela Transnordestina, então haverá a incorporação. E é certo que a questão societária vai ser alterada, afirma.
A reestruturação não vai implicar na ferrovia passar às mãos do Estado. Jorge Mello garante que a CFN continuará sendo privada. Ele nega também qualquer possibilidade de a empresa se desligar da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e tornar-se independente. A CSN vai continuar sendo a controladora da CFN, completa.
Segundo o diretor, a continuidade dos investimentos na obra está associada à incorporação e da reorganização societária. Ele cita o exemplo dos R$ 823 milhões previstos do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor). Originalmente os recursos foram articulados pela Transnordestina S/A, mas como a captação será feita pela CFN é preciso que a situação das duas empresas seja regularizada para o Banco do Nordeste (BNB) liberar os recursos.
O investimento total da ferrovia é da ordem de R$ 4,5 bilhões. Além dos R$ 823 milhões do Finor, juntam-se R$ 1,05 bilhão em capital próprio da CFN, R$ 400 milhões financiados junto ao BNDES e R$ 2,227 bilhões do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNDE). A operação do BNDES, por exemplo, já foi aprovada, mas existe uma série de exigências como ter o projeto todo desenvolvido e as questões ambientais estarem resolvidas. Já temos a licença ambiental desse primeiro trecho que estamos construindo de Missão Velha (CE) até Salgueiro (PE), comenta.
Jorge Mello conta que os recursos já começaram a ser desembolsados, mas não especifica em que proporção. Ele diz que após a conclusão do trecho inicial, o segundo irá de Salgueiro até Araripina (PE). Em seguida serão quatro trechos simultaneamente: Salgueiro ao Porto de Suape (PE) e vice-versa, Araripina a Eliseu Martins (PI) e Porto do Pecém a Missão Velha.
No trecho específico entre o Pecém e o município cearense, o diretor explica que o trabalho a ser feito é o de alargamento da bitola dos trilhos, passando de métrica (1 metro) para larga (1,6 m). Porém, Jorge deixa claro que a concretização dessa obra vai depender da liberação dos recursos do Finor. A implantação da Transnordestina foi iniciada em 1990, mas interrompida em dezembro de 1992 por falta de recursos.
Seja o primeiro a comentar