Desde o ano passado, pescadores do bairro de Bebedouro, em Maceió, reclamam de um produto tóxico que estaria sendo usado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) para impedir o crescimento da vegetação nas margens da linha férrea. Ontem, o coordenador do Movimento dos Pescadores Artesanais de Alagoas, José Martins Agnelo, o Mano Pescador, disse que apesar da reclamação o problema continua e já está causando prejuízos à categoria.
O produto, afirma ele, seria um veneno que além de destruir a vegetação está sendo arrastado pela chuva e pelos esgotos para a Lagoa Mundaú. Em conseqüência, várias espécies da lagoa estão sendo atingidas. “O povo diz que o peixe está com gosto de barro, mas é veneno”, declara o coordenador do movimento.
Nem de graça – Para ele, além dos riscos à saúde da população, os pescadores são prejudicados pela redução nas vendas. “Espécies que custam até R$ 8, nem de graça o povo quer levar”, reclama.
Manoel Pescador diz que levou o problema ao conhecimento da direção da CBTU e pediu providências. A direção teria admitido que a empresa responsável pela manutenção da linha férrea utilizaria um produto conhecido como “mata-pasto”, mas garantiu que seria natural.
O coordenador do Movimento dos Pescadores Artesanais contesta a informação, reafirmando que se trata de agrotóxico.
“Eles usam o próprio trem para aguar a vegetação com o veneno. Isso acontece à noite”, afirma Manoel Pescador, ressaltando que fez a denúncia durante a 2ª Conferência de Aqüicultura e Pesca, realizada pelo governo federal, em setembro do ano passado.
Ele relata que, depois de aplicado num trecho da linha, o produto é “arrastado” pela água da chuva e dos esgotos até o Riacho Silva e, dali, para a Lagoa Mundaú.
A última aplicação, disse o coordenador, foi feita há 15 dias.
Definindo a ação como crime ambiental, Mano Pescador cobra providências da CBTU e dos órgãos de meio ambiente. Para ele, há outras formas, como a capinação, de evitar que a vegetação cresça nas margens da linha férrea. Procurados ontem à tarde pela reportagem para esclarecer a denúncia dos pescadores, diretores da Companhia Brasileira de Trens Urbanos não foram localizados.
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