De onde pretendiam trazer R$ 1 bilhão para o ramal ferroviário Mossoró-Natal, os potiguares que se reuniram segunda-feira com representantes da trade japonesa Mitsui, conseguiram apenas um possível fornecimento de locomotivas e vagões para o projeto. A informação é do presidente da Companhia Docas do RN, Renato Fernandes, que se disse satisfeito com os resultados do encontro.
‘‘Eles ficaram de manter contato via e-mail. Deixamos uma cópia do projeto e disponibilizamos um vídeo sobre a Codern’’, disse Fernandes. Além dele fizeram parte da comitiva o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Thiago Gadelha, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Mossoró (ACIM), Vilmar Pereira e o economista e consultor Antônio Luis Soares, da Petcon, empresa que elaborou o estudo de viabilidade técnica e econômica do projeto.
O encontro durou cerca de três horas, em São Paulo, com a presença dos diretores comercial e de logística da Mitsui, além do presidente e do vice presidente da empresa. Segundo Renato Fernandes, na ocasião foram apresentadas as potencialidades do RN. ‘‘Eles anotaram tudo. Rentabilidade, retorno. Mas a única sinalização positiva é que eles estão prontos a estudar o fornecimento de vagões e locomotivas para o ramal ferroviário’’, observa.
Ele explica que soube através do jornal Gazeta Mercantil que os japoneses, em parceria com a Petrobras, estão dispostos a investir num terminal para receber navios de transporte de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Nordeste, empreendimento que exigiria a construção de uma indústria de descompressão. A empresa, entretanto, também atua na área de locação de máquinas e vagões. ‘‘Fomos apresentar o estado. Se eles vão investir no Nordeste, por que não o RN? Fiquei muito feliz com a reunião’’, acrescenta ainda Fernandes.
A expectativa era que os recursos dos investidores fossem injetados no projeto, que vai vai custar R$ 829 milhões, sendo 25% frutos de Parceria Público-Privada. O ramal de 470,2Km irá de Natal a Mossoró com ramificações em São Gonçalo do Amarante, Afonso Bezerra, Macau, Guamaré, Assu, Jucurutu e Areia Branca. Segundo a Petcon, serão recuperados 240Km de linhas férreas – sendo 203,1Km do trecho Ceará Mirim-Macau e 38,9Km do trecho da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) – além de construídos mais 228,2Km.
Através dos trilhos poderão ser transportadas mercadorias como minério de ferro, calcário, cerâmica, açúcar refinado, cimento ensacado, frutas, óleo diesel, e sal. Há a expectativa que gere uma logística mais competitiva, reduza custos e origine negócios por onde passar. Os especialistas dizem ainda que deve aumentar em cerca de 17% a arrecadação de ICMS no RN. E que embora não se saiba quando começará a ser concretizado, as obras demorem cerca de seis anos. Em 10 anos o dinheiro investido deve ser reembolsado.
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