“Meu sonho é fazer uma linha do metrô”, disse o ex-prefeito de São Paulo e candidato ao governo estadual José Serra (PSDB) quando visitou São Caetano no último dia 1º. O gesto repete o que então governador e candidato a reeleição Mário Covas – também tucano – disse a lideranças locais durante debate da Câmara Regional em 21 de setembro de 1998, quando acrescentou que esse meio de transporte não poderia ficar restrito à Capital. Um sonho do tucano que está muito longe de se concretizar.
Após 12 anos de governo Covas/Alckmin, oito deles sob o comando nacional de Fernando Henrique Cardoso, o Grande ABC terá de contentar-se com um arremedo do metrô, o ainda embrionário “metrô de superfície” ou “Expresso Sudeste” que correrá paralelamente à linha férrea da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Mesmo esse meio ainda é apenas um projeto.
O mais próximo que o metrô de verdade um dia poderá chegar à região também está por fazer. Trata-se da estação Tamanduateí, na divisa entre São Paulo e São Caetano – ponto final do ramal que começa na Chácara Klabin, zona nobre de São Paulo. Para acessar o sistema, os moradores de todas as cidades do Grande ABC, inclusive São Caetano, terão de viajar de ônibus, trólebus ou trem.
Em visita a Santo André na última sexta-feira, o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, deixou claro que a possibilidade de metrô na região é remota, para ser bastante otimista. “Não quero confundir, dizer que “metrô de superfície” e metrô é a mesma coisa. Há diferenças. Mas o que estamos fazendo agora, ou seja, a linha do metrô chegando ao Tamanduateí, farão com que vocês do ABC em dez minutos cheguem à Paulista”, afirmou.
O usuário que se arriscar a fazer o trajeto sugerido pelo secretário hoje ficará a pé. As obras do metrô Tamanduateí ainda estão no Alto do Ipiranga e não há previsão de avanço para além deste estágio no governo estadual que termina. O “metrô de superfície” está na fase do projeto executivo (o completo, com todos os detalhes). “É um projeto bom, de R$ 670 milhões, considerando a compra de todos os trens.” Mas o empreendimento só deve começar no próximo ano, mesmo assim se o próximos governantes quiserem e puderem.
O mesmo ocorre com as estações do metrô “As empreiteiras já estão contratadas. Bastará dar a ordem de serviço. Mas o futuro governador terá de ter dinheiro. Até agora só deu para pagar Alto do Ipiranga. A questão financeira não está equacionada”, disse Fernandes.
Novo governo mudaria pouco
Os planos de expansão do Metrô e de modernização da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) devem seguir nos trilhos da continuidade, mesmo que o próximo governador, sucessor da gestão Geraldo Alckmin (PSDB)/ Cláudio Lembo (PFL) seja de um partido ou orientação política diferente. Essa é a opinião do secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes. “A questão metro-ferroviária é tão pesada, tão densa, tão forte, que acredito que quem vier a governar SP não terá justificativa para mudar o rumo das coisas. Ninguém vai chegar no Alto do Ipiranga e parar o metrô ali e falar que não tem mais metrô.”
Em 12 anos de governo tucano, os projetos para o transporte sobre trilhos seguiram uma linha relativamente coerente com as idéias iniciais, mas em ritmo muito menor do que o previsto. Sob o governo federal nas mãos de Fernando Henrique, Covas atribuia as dificuldades à enorme dívida que herdou de seu sucessor. Agora, sob governo Lula, Fernandes atribui a culpa aos constantes atrasos de repasse de recursos federais.
São Bernardo e Diadema de fora
O secretário Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, afirma que São Bernardo e Diadema – cidades não cortadas pela linha da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) – terão de acessar o futuro Expresso ABC e o futuro Metrô Tamanduateí por meio dos corredores de tróleibus ou do sistema de transporte convencional.
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