A Companhia Siderúrgica Nacional prepara para o quarto trimestre deste ano a venda entre 10 por cento a 30 por cento do capital da mina de minério de ferro Casa de Pedra, ativo que, após a expansão, deverá elevar a geração de caixa da siderúrgica em 700 milhões de dólares.
De acordo com o diretor Financeiro da CSN, Otávio Lazcano, a venda de participação no ativo tem por objetivo melhorar a preço das ações da CSN no mercado, que, segundo ele, estão subavaliadas.
Não há necessidade de alavancagem financeira para os nossos investimentos. O objetivo é fazer refletir o valor da mina nos papéis da CSN, explicou Lazcano à Reuters.
A operação será liderada pelo Credit Suisse First Boston (CSFB).
De acordo com avaliação do mercado, a mina Casa de Pedra teria um valor aproximado de 4 bilhões de dólares. O projeto que está em andamento elevará a atual produção de 18 milhões de toneladas anuais para 40 milhões a 45 milhões de toneladas a partir de 2008 e para 53 milhões de toneladas a partir de 2010.
Lazcano informou que os investimentos previstos para a expansão são da ordem de 1,5 bilhão de dólares, recursos que, somados aos planos de triplicar a capacidade de produção de aço da empresa, atingem 5 bilhões de dólares.
Entre 70 por cento e 80 por cento desse montante serão captados no mercado, explicou o diretor, que ainda não definiu quais fontes serão utilizadas.
O BNDES já sinalizou com suporte, mas pensamos também em agências unilaterais, recebíveis de exportação (…) podem ocorrer algumas operações individuais, afirmou.
A CSN quer elevar sua produção atual de 5,6 milhões de toneladas para 9 milhões de toneladas nos próximos quatro a cinco anos.
A primeira unidade, de 4,5 milhões de toneladas, será construída em Itaguaí, no Rio de Janeiro, enquanto outra do mesmo porte aguarda decisão sobre o local. Todas serão desenvolvidas com tecnologia chinesa.
Além da expansão em mineração e produção de aço, a companhia de Volta Redonda também prevê a construção de um porto e de duas pelotizadoras.
No final do ano fica pronto o estudo que encomendamos à chinesa Baosteel para ver se o projeto é economicamente viável. Dependendo (do resultado) desse estudo, decidiremos se a CSN terá 100 por cento do projeto ou convidamos a Baosteel ou outra parceira para participar, informou.
Na última sexta-feira, a companhia recebeu da Feema o ok que faltava para iniciar a construção de uma fábrica de cimento de 113 milhões de dólares, e que vai colocar no mercado 3 milhões de toneladas do produto a partir de 2008.
Perto do Mercado
Para ajudar a desenvolver seus planos de expansão, a CSN decidiu se aproximar mais do mercado, futura possível fonte de recursos, e convocou um ex-diretor da companhia para o processo.
Depois de quatro anos fora, Marcos Treiger volta à casa como diretor de Relações com Investidores para cuidar da imagem da empresa.
Desde 2002 na petroquímica Braskem, Treiger terá como tarefa aproximar a CSN do mercado, da mídia e dos seus investidores, em um momento decisivo para a companhia, que ainda contempla o crescimento fora do país por meio da fusão com a norte-americana Wheeling-Pittsburgh, onde serão investidos mais 225 milhões de dólares.
Estamos entrando numa fase espetacular e precisamos ter um diálogo mais freqüente com analistas, investidores, jornalistas, focando mais a imagem da companhia, disse Treiger.
Elevada a nível de investimento na esteira de melhora de rating dado ao Brasil, a CSN, segundo Treiger, precisa criar uma mentalidade de mercado.
Vai levar algum tempo, mas, a médio e longo prazos, vamos conseguir manter interação com todos os canais para unificar as mensagens da empresa, avaliou Treiger.
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