Os investimentos em ampliação da capacidade produtiva anunciados pelas principais siderúrgicas e mineradoras com operação no Brasil estão fazendo com que as concessionárias de ferrovias ampliem suas malhas para atender a demanda de transporte de produtos e matérias-primas.
De acordo com Rodrigo Vilaça, diretor executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), os serviços crescem na medida em que as siderúrgicas aumentam suas produções. “Os investimentos são específicos, de acordo com a expansão estratégica das siderúrgicas”, diz. Até o final do ano deverão ser investidos cerca de R$ 2,3 bilhões, entre via permanente, locomotivas, vagões e tecnologia. “Nos próximos quatro anos estão previstos mais R$ 2 bilhões de investimentos das concessionárias para infra-estrutura e R$ 7,1 bilhões do governo federal deverão ser destinados à malha já existente para resolver os problemas de gargalos físicos e operacionais”.
A MRS Logística vem executando projetos de melhoria nos seus serviços que devem somar aportes de US$ 1 bilhão até 2010. Entre os projetos está a compra de 150 locomotivas e 6 mil vagões, a duplicação de um trecho de 100 quilômetros da malha no Estado do Rio de Janeiro e aquisição de correias transportadoras. Atualmente, a operadora de transporte ferroviário atende a todas as siderúrgicas do País, porém não tem acesso a todas as plantas. Para isso, dependeria de uma ampliação da malha ferroviária que, segundo Júlio Fontana Neto, presidente da MRS, só é possível com a participação do governo federal.
“Ao contrário das conversas sobre a necessidade da ampliação da malha, as negociações com as empresas estão em ritmo acelerado. Estamos envolvidos em praticamente todos os projetos dessas empresas. Inclusive, alguns contratos já estão assinados”, diz o executivo. Entre os contratos futuros da MRS está a assinatura do acordo com o Consórcio das Mineradoras da Serra Azul, que prevê a movimentação de aproximadamente 1 milhão de toneladas anuais de minério de ferro para exportação por meio do Terminal Portuário da CPBS (CVRD) localizado no porto de Itaguaí (RJ), entre os anos de 2006 e 2008. Além disso, segundo balanço da MRS referente ao primeiro semestre, entre os principais negócios e realizações da companhia no período está o início do transporte de produtos siderúrgicos a partir de João Monlevade, direcionados à exportação, pelo porto do Rio de Janeiro.
No primeiro semestre, a MRS transportou cerca de 52,9 milhões de toneladas de carga, das quais 44,26 milhões referem-se a produtos siderúrgicos ou matérias-primas e derivados da, como minério de ferro, carvão e coque e bauxita. No segundo trimestre, a companhia obteve expansão de 17% no transporte de produtos siderúrgicos sobre igual período de 2005, com 1,9 milhão de toneladas movimentadas. Segundo balanço da MRS, o avanço foi impulsionado principalmente pelos clientes do Grupo Arcelor.
ALL
A América Latina Logística (ALL) prevê um crescimento entre 15% e 20% até 2007 na movimentação do setor de siderurgia, com o transporte de vergalhões, bobinas, chapas e outros produtos de aço. Ainda neste ano deve ser instalada uma grande unidade para descarga de ferro-gusa, mas a ALL ainda não divulga o local onde será instalado o terminal. A Vega do Sul confirmou a aquisição de 83 vagões para o transporte de matéria-prima, e a CSN outros 200 vagões, para carregamento de bobinas de aço para o setor automobilístico. Neste ano, a ALL inaugurou um desvio ferroviário dentro da unidade da Gerdau em Araucária (PR). O ramal teve aportes de R$ 2,6 milhões, e por ele devem passar mais de 200 milhões de toneladas anuais de material siderúrgico. “Além de ampliar a movimentação em um cliente importante como a Gerdau, o novo desvio permitirá à ALL crescer no segmento siderúrgico, um dos alvos da unidade de industrializados em 2006” declarou o diretor de Negócios Industrializados, Alexandre Campos.
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