Em setembro, Amparo participa de um importante intercâmbio cultural envolvendo as cidades de Campinas e Jaguariúna e a experiência chilena, em associar turismo às atividades de um dos mais antigos ramais ferroviários do país: Talca-Constituición. A base das ações culturais está focada na valorização dos museus, e na importância de se discutir patrimônio ferroviário e turismo, enquanto alternativas contemporâneas para o desenvolvimento de gestões públicas.
O Museu Histórico e Pedagógico Bernardino de Campos abre dia 4 de setembro a exposição Um olhar sobre os principais ramais ferroviários de Campinas a Socorro. A mostra foi montada com imagens do acervo do museu amparense e por fotografias do Museu da Imagem e do Som de Campinas (MIS). Uma releitura da representação social do transporte ferroviário nesta região está implícita neste exercício, que propõe ainda uma reflexão a cerca do patrimônio arquitetônico remanescente e possíveis formas de apropriação e uso coletivo por suas comunidades.
O município de Amparo, dono de um memorável conjunto arquitetônico da era ferroviária – Casa do Chefe da Estação e prédio da Estação Amparo – constitui-se um verdadeiro cartão-postal para quem pretende conhecer mais sobre a fisionomia urbana de cidades paulistas que viveram este período histórico, deflagrado em fins no século XIX.
O Ramal de Amparo entrou em funcionamento em 1875. Ganhou ampliações, como a criação do sub-ramal de Serra Negra, e logo depois foi popularmente batizado por Ramal de Socorro. A última vez que o trem circulou em Amparo foi no dia 2 de janeiro de 1967. Esta data encerra para o povo amparense um capítulo ímpar de sua história, construída em grande parte pela presença do trem, seu grande ícone e símbolo de desenvolvimento.
Enquanto Amparo sedia uma Mostra fotográfica ancorada nas paisagens dos principais ramais ferroviários da saudosa Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, Campinas abre no Museu da Imagem e do Som, duas exposições, sendo uma sobre a experiência do ramal ferroviário chileno que liga as cidades de Talca a Constituición, e outra sobre a experiência do Restaurante Prosa Caipira, iniciativa da PUC-Campinas, em plena atividade no bairro Carlos Gomes, fronteira com Jaguariúna, reduto das mais fortes lembranças da passagem da velha Maria-Fumaça, das roças de café e de um jeito muito peculiar de se viver.
A experiência que vem do Chile
Em 2006, o Chile celebra o seu Bicentenário da República. Juntamente com a data histórica, surge uma aspiração de grande valor nacional: um projeto de resgate e recuperação patrimonial, com vocação turística no antigo Ramal Talca-Constituición. Este, o único ramal ferroviário vigente do país, transporta todos os dias, centenas de chilenos para as escolas, para o trabalho, constituindo-se assim, o trem, um meio de transporte essencial. A iniciativa de introduzir um olhar turístico na vida cotidiana do velho ramal é a grande novidade. A convivência com o turismo vem sendo introduzida a partir do reconhecimento da beleza da paisagem natural, composta por ricos cenários de vegetação oriunda das terras que margeiam o glorioso Rio Maule. No passado, fora este ramal o ponto de união entre a Villa San Agustín de Talca e a Villa de Nueva Bilbao de Constituición.
Os caminhos de ferro da velha Mogyana
Faz todo sentido termos claro, em pleno século XXI, que as ferrovias são o símbolo tecnológico do século XIX. Verdade também que os caminhos de ferro encurtaram as distâncias, contribuíram para o povoamento do interior e aceleraram a urbanização. Neste contexto é imprescindível dizer que a Companhia Mogyana de Estradas de Ferro, fundada em 18 de março de 1872, sediada em Campinas, deixou uma valiosa contribuição para esta região – que vai de Campinas a Amparo.
Criada por um grupo de fazendeiros preocupados em propiciar o escoamento da produção de uma das regiões mais férteis da província de São Paulo, que incluí
Seja o primeiro a comentar