Infra-estrutura de transporte em xeque

Marcus Quintella*


Há décadas, o transporte de cargas em nosso país depende basicamente do modo rodoviário, fato que causa um grave desequilíbrio na matriz de transporte brasileira, visto que a fatia de mercado desse modal está acima de 60%. Isto confirma a perpetuação da política do rodoviarismo no Brasil, iniciada em meados do século passado com JK.


Curiosamente, vivemos num país rodoviarista que quase não possui rodovias, uma vez que apenas 10% de nossas estradas são pavimentadas, ou seja, irrisórios 165 mil km. Os EUA possuem 5,2 milhões de km de rodovias pavimentadas, 31,5 vezes mais que o Brasil. Além disso, apenas 20% das rodovias brasileiras podem ser consideradas boas ou ótimas. As estradas restantes apresentam precariedade contundente, com pavimentos em notória decomposição, sinalizações inexistentes e traçados perigosos, onde ocorrem, anualmente, mais de 20 mil mortes por acidentes. Para piorar a situação, não há policiamento adequado e nossas rodovias são palcos de emboscadas, assaltos, latrocínios e roubos de cargas.


Além de não contarmos com rodovias decentes, quase não possuímos ferrovias. Nossa rede ferroviária, responsável por 20% da matriz de transporte, possui apenas 29 mil km de extensão, contra 245 mil dos EUA e 73 mil do Canadá, países do mesmo porte territorial do Brasil. A Argentina, três vezes menor que o Brasil, possui 34 mil km de ferrovias.


Já vimos que não temos rodovias nem ferrovias, mas poderíamos ter hidrovias. Engano. Apesar de possuirmos 45 mil km de rios potencialmente navegáveis, somente 28 mil são utilizados, mas de forma improvisada. Ao mesmo tempo, somos donos de uma costa de 7,5 mil km, onde estão concentrados 80% do PIB brasileiro, e não desenvolvemos a cabotagem. Nossas hidrovias não são dragadas e carecem de sinalização e de terminais. Nossos portos precisam ser modernizados e nossa frota de navios aumentada.


A logística no Brasil é excessivamente cara, fato que nos leva a ter desprezível participação no comércio mundial, principalmente pela falta de investimentos na infra-estrutura de transporte. Na verdade, o setor de transporte brasileiro, como um todo, está caminhando, a passos largos, para o estrangulamento definitivo, ou para o chamado “apagão logístico”.


A infra-estrutura brasileira de transporte tem de estar capacitada para atender à demanda interna e ao crescimento do comércio exterior. A melhor estratégia para isso é a implementação de corredores multimodais, a expansão e a utilização otimizada dos modos rodoviário, ferroviário e aquaviário, a modernização dos portos e a interligação viária com os países limítrofes. Para isso, entre outras coisas, os custos dos financiamentos oficiais poderiam ser menores, as PPPs teriam que decolar e o Governo Federal deveria desbloquear e utilizar corretamente os recursos da CIDE para aplicação na infra-estrutura de transporte.


Caro leitor, fica bastante claro que o nosso desenvolvimento econômico está na dependência de uma infra-estrutrura de transporte moderna e competente, cujas ações políticas devem ser cobradas insistentemente pela sociedade. O Brasil precisa de um longo ciclo de crescimento econômico auto-sustentável para melhorar a qualidade de vida de seu povo. Entretanto, o Governo Federal precisaria investir, anualmente, somente em infra-estrutura de transporte, cerca de 2,5% do PIB, ou seja, R$ 52 bilhões. Penso que o problema não seja conseguir o dinheiro, mas a aplicação honesta e eficaz do mesmo.


*Marcus Quintella é engenheiro.

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Fonte: Jornal do Brasil

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