A lentidão com que o Metrô de Fortaleza (Metrofor) vem sendo construído acarreta sérios prejuízos para os cofres públicos. Independente de as obras estarem, ou não, em andamento, todos os meses cerca de R$ 900 mil a R$ 1 milhão são gastos com o gerenciamento, supervisão, limpeza e manutenção dos canteiros de obras. Considerando que de fevereiro a dezembro do ano passado, os trabalhos permaneceram parados, pela não liberação de recursos por parte da União, impossibilitando a continuidade do metrô, só no referido período cerca de R$ 11 milhões foram despendidos para manter o empreendimento.
Dinheiro que poderia ser revertido, por exemplo, para a construção de pelo menos 367 moradias populares, nos moldes do Programa de Arrendamento Residencial (PAR), do governo federal, administrado pela Caixa.
Arrastando-se desde janeiro de 1999, quando tiveram início as obras do Metrofor, os custos fixos com a manutenção do metrô, até a sua conclusão, tendem a permanecer por um bom tempo. É que o ritmo de repasse dos recursos por parte da União pouco avançou.
Em relação ao orçamento prometido para 2006, apesar de amanhã o ano já entrar em seu nono mês, o dinheiro vem pingando a conta-gotas nos cofres do empreendimento. De junho para cá, quando o Metrofor havia recebido somente R$ 35,59 milhões, ou aproximadamente 10%, do total orçado para este ano (R$ 370 milhões), cerca de R$ 12 milhões adicionais foram contabilizados no caixa da empresa.
Somados, os valores não representam nem 13% do montante previsto para 2006. Mesmo no ritmo em que está, ainda assim, afirma o assessor da Presidência do Metrofor, Fernando Mota, “a direção acredita que dá para recuperar o atraso nas obras e cumprir o cronograma previsto pelo convênio assinado em novembro do ano passado, entre os governos federal e estadual”.
O acordo prevê a liberação, até 2007, de R$ 588 milhões, sendo R$ 241 milhões financiados pelo banco japonês JBIC, R$ 213 milhões com recursos da União e R$ 134 milhões provenientes do governo do Ceará. Esta quantia, conforme acordado, deverá possibilitar a finalização, no fim do próximo ano, do trecho entre as estações de Vila das Flores e Couto Fernandes, na linha sul, avançar ainda as obras do túnel do metrô no Centro de Fortaleza, este entre as estações Benfica e Lagoinha. Não descartando, também, a construção da própria Estação Lagoinha e a reforma da linha Oeste, que liga a Estação João Felipe, no Centro da Capital a Caucaia, sendo operada ainda com trem diesel.
Sem previsão para o ingresso de mais recursos, Fernando Mota, informa que à medida que o dinheiro liberado vai sendo gasto, a direção do empreendimento vai prestando contas à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), e esta, por sua vez, vai repassando mais recursos.
Já com relação à contrapartida do governo do Ceará, Mota declarou que dos R$ 106 milhões prometidos para o Metrofor em 2006, o Estado já repassou R$ 2,5 milhões. De acordo com ele, assim que o governo federal concretizar o envio de R$ 78,59 milhões — os atuais R$ 47,56 milhões mais R$ 31 milhões a repassar , dos R$ 140 milhões já empenhados na CBTU do total previsto para este ano —, o governo estadual deverá efetuar um novo depósito de R$ 12 milhões.
OBRAS – Com a entrada de mais dinheiro, a expectativa, agora, é de que ainda este ano se iniciem as obras civis das estações do Conjunto Esperança e Mondubim. A direção do empreendimento aguarda também uma solução por parte da Prefeitura de Fortaleza para o remanejamento dos permissionários (comerciantes) hoje instalados na Praça da Lagoinha, para começar a construção da estação no local.
OPERAÇÃO – Enquanto as obras civis para a operação com os carros elétricos está em andamento, para não deixar a população sem o serviço de trem metropolitano, o Metrofor opera atualmente com 18 carros a diesel reformados e mais duas locomotivas, também recuperadas. Até o fim de 2007, mais seis carros a diesel
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