O porto do Rio de Janeiro, sexto complexo portuário do país em tonelagem, tem planos de duplicar a capacidade de movimentação de cargas nos próximos quatro anos. Até 2010 o porto, situado no centro da cidade, deverá receber investimentos de R$ 286 milhões em um conjunto de 17 projetos que buscarão melhorar acessos marítimos, rodoviários e ferroviários. Do investimento total, R$ 195 milhões serão de responsabilidade do governo (município, Estado e União) e R$ 91 milhões serão desembolsados pelo setor privado.
Caso as ações previstas no plano sejam implementadas, o porto do Rio poderá aumentar a movimentação de cargas de 8 milhões de toneladas anuais para 16 milhões de toneladas/ano, em 2010. A duplicação no volume será garantida só por melhorias logísticas no acesso ao porto. O volume poderá ser maior se novos terminais vierem a se instalar no local. Hoje o Rio tem dois terminais de contêineres, um terminal de automóveis e um de produtos siderúrgicos, além da operação da área pública do porto.
É um projeto que retoma as características do Rio como um hub port (porto concentrador de cargas), disse Wagner Victer, secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio. Victer participou ontem do anúncio do projeto, chamado de Porto do Rio – Século XXI. A iniciativa reuniu a sociedade organizada do Estado com participações de entidades empresariais.
O Sindicato dos Operadores Portuários do Estado (Sindoperj) e o Sindicato das Agências de Navegação Marítima (Sindario) custearam o estudo, que incluiu 17 projetos logísticos. Também está prevista a revitalização da zona portuária do Rio. A integração porto-cidade prevê a transferência do terminal de passageiros, hoje situado na Praça Mauá, para o armazém 4. Os armazéns 1, 2 e 3 o antigo prédio do Touring Club serão destinados a feiras e eventos.
A inciativa do porto do Rio deveria ser seguida por outros municípios e portos no Brasil, disse Wilen Manteli, presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP). Ele afirmou que há investimentos, como a dragagem, que podem ser feitos em parceria público-privada.
Rogério Cáfaro, presidente do Sindoperj, afirmou que os recursos privados do projeto estarão voltados para investimentos em ferrovias, com melhorias dos acessos de bitola larga e estreita, e serão aplicados no aprofundamento do calado para atracação dos navios. Com a dragagem, os berços terão profundidade entre 10 metros e 13,5 metros. Nos terminais de contêineres, a profundidade alcançará 15 metros, com possibilidade de receber navios de até 6,5 mil TEUs (contêiner equivalente a 20 pés).
Delmo Pinho, coordenador do projeto, disse que a idéia é permitir a entrada da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) até o porto. Hoje só a MRS Logística acessa o porto do Rio. Para viabilizar a proposta, será preciso construir uma alça ferroviária (viaduto) e implantar um ramal em bitola mista (larga e estreita). A meta é de que em 2010 o porto movimente 350 vagões por dia ante os 150 atuais, disse Pinho.
Também estão previstos dois novos acessos rodoviários, um deles ligando diretamente a avenida Brasil, uma das principais vias de acesso ao Rio, ao porto. Pinho disse que o Rio não tinha uma carteira de projetos para o porto. Agora, com o novo portfólio, tentará se incluir os projetos nos orçamentos dos governos estadual e federal, garantindo recursos para as obras.
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