A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), maior produtora mundial de minério de ferro, iniciou a concessão de contratos para um projeto que movimentará US$ 2 bilhões em Moçambique e que poderá criar a maior mina de carvão mineral do Hemisfério Sul. A Vale decidiu dar andamento ao projeto Moatize, segundo Estêvão Rafael, autoridade do governo de Moçambique que é membro do painel que está analisando o estudo de viabilidade da Vale para a mina, o porto e os sistemas de transporte que a servirão. Eles vão seguir adiante, não há nenhuma dúvida sobre isso, disse Rafael.
Roger Agnelli, 46, principal executivo da Vale, está expandindo as operações de mineração de carvão da empresa brasileira para aumentar as vendas das matérias-primas utilizadas por suas siderúrgicas clientes, como a ThyssenKrupp.
Moçambique, que há 14 anos estava mergulhado em uma guerra civil, deseja começar a exportar carvão e a utilizar a energia elétrica gerada em Moatize para atrair fundições e outras empresas para sua economia, que movimenta US$ 5,6 bilhões anuais. A entrada em operação da mina colocará Moçambique em concorrência direta com a vizinha África do Sul, quarto maior exportador mundial de carvão e que em 2005 despachou ao exterior 69,2 milhões de toneladas do combustível a partir de seu porto de Richards Bay. Outros milhões de toneladas de carvão sul-africano foram exportados por meio do porto moçambicano de Matola e de Durban, na própria África do Sul.
Moatize produzirá carvão metalúrgico, que é usado em siderúrgicas, e carvão energético, utilizado em centrais de geração de energia elétrica. Parte do produto será empregado em uma central elétrica que pertencerá ao complexo da mina.
A Vale concedeu à Semane Consulting Engineers, sediada em Johanesburgo, na África do Sul, um contrato para executar o projeto de uma usina com capacidade para processar 21 milhões de toneladas de carvão ao ano, que será extraído da mina de Moatize, disse Joel Mokgohlwa, presidente do conselho administrativo da Semane.
A empresa deve investir US$ 2 bilhões na escavação da mina, ampliação de uma linha ferroviária até a costa, instalação de equipamentos portuários e construção de uma central elétrica, disse, sem fornecer mais detalhes. A Vale informou que só se pronunciará quando o estudo de viabilidade estiver concluído. O Standard Bank, maior banco sul-africano, está prestando consultoria à Vale no projeto da mina, disse David Munro, chefe da divisão de banco de investimento do Standard. A Vale pretende iniciar a produção em Moatize em 2007 e prevê exportar cerca de 9 milhões de toneladas a partir de Moçambique.
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