Se para muita gente 27 de setembro nada representa para a história de Bauru, na realidade essa data tem um significado todo especial. Nesse dia, em 1906, foi inaugurado o primeiro trecho da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Na oportunidade, porém, apenas 37 quilômetros foram provisoriamente entregues ao tráfego, quando então os trens de carga e de passageiros começaram a circular até Avaí (na época, Jacutinga).
Aos poucos, os trilhos foram avançando, até a conclusão da obra, anos depois, inclusive com o ramal até Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai. A linha tronco, por sua vez, atingia Corumbá, próxima ao território boliviano.
Passaram, então, os trens – passageiros e carga – a circular em toda a extensão da ferrovia, cuja presença era fundamental na ligação dos oceanos Atlântico (Santos) e Pacífico (Arica-Chile), em um total aproximado de 4.000 quilômetros. Rasgando as terras de Mato Grosso do Sul, a NOB se destacava como influente ponto de referência em toda a rica região servida pelas suas linhas.
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Quando da criação da Rede Ferroviária Federal, em 1957, a Noroeste do Brasil ocupava um lugar de destaque na malha ferroviária nacional. Transportando riquezas (agrícolas, pecuária etc), produtos manufaturados e passageiros, era motivo de orgulho para os que nela trabalhavam. Carros de primeira e segunda classe, restaurante, dormitórios (cabinas duplas e individuais) eram construídos em suas oficinas, por mão-de-obra especializada e que era cantada em prosa e verso.
Mas por descaso, o transporte sobre trilhos aos poucos foi sendo relegado a um plano secundário. E com a Noroeste do Brasil não foi diferente.
Várias gerações de bauruenses passaram pelos diferentes setores profissionais da estrada de ferro que nasce em Bauru. Muitos guardam com saudades os tempos em que a Noroeste do Brasil foi soberana nos transportes realizados pelos seus trens – de passageiros e de cargas – em terras do Estado de São Paulo e matogrossenses.
Não se pode negar que a ferrovia exerceu importante influência no desenvolvimento de Bauru. Para cá, vieram pessoas de todas as partes do País, em busca do desenvolvimento da Cidade sem Limites. Há quem afirme que a Noroeste foi uma autêntica desbravadora, a exemplo dos bandeirantes, já que contribuiu para a fundação de cidades ao longo de suas linhas e fazendo com que muitos que vieram para região para trabalhar fincassem raízes por todo o seu percurso.
Bauru comemora o centenário hoje
Para comemorar o centenário, a Secretaria Municipal de Cultura, com apoio da Faculdade Fênix, irá promover uma noite de homenagens aos trabalhadores que deram “vida” aos trilhos, com entrega de diploma de mérito ferroviário e lançamento de um filme sobre a história da estrada de ferro em comparação com seu estado atual.
O evento é gratuito, aberto a toda a população, e começa às 19h, no Museu Ferroviário Regional de Bauru – quadra 1 da rua 1º de Agosto. Cerca de 30 ferroviários da cidade irão receber um documento exaltando a importância do papel que essas pessoas tiveram para o desenvolvimento da cidade no início do século 20.
No evento também será lançado o filme “100 anos de Ferrovia”, produzido por Walter Itajubá e Almir Cardoso, com o patrocínio da Faculdade Fênix. O intuito dos produtores é mostrar a atual situação das ferrovias brasileiras.
Para isso, a dupla reviveu o percurso de Bauru até Corumbá, um trecho de cerca de 1.300 quilômetros de trilhos. Segundo os diretores, ambos passaram por todas as estações do trajeto colhendo imagens, informações e depoimentos sobre a importância da ferrovia para as cidades por onde passava, além de mostrar, com depoimentos, como elas eram e como estão atualmente.
De acordo com os produtores, ao final da empreitada, foi possível perceber mais claramente a necessidade de reformulação das ferrovias e o que tem sido feito de concreto neste sentido.
Outro fator curios
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