Uma força tarefa formada por integrantes do Ministério Público e prefeitura de Ribeirão Preto começou a vistoriar ontem a linha do trem em Ribeirão Preto. Muita sujeira em toda a extensão do trajeto, criadouros do mosquito da dengue e até o derramamento de um suposto pó químico e a prisão de dois garotos flagrados fumando maconha na avenida Rio Pardo foi o saldo do primeiro dia de vistoria.
“Eu vejo a necessidade de desmembrar o caso em vários inquéritos civis porque cada local tem uma especificidade. Também acredito que vamos ter a inclusão de outros promotores. Este trabalho não termina hoje e vai ter continuidade e vistorias permanentes. Constatei risco à saúde pública e por isto temos a necessidade de um trabalho conjunto e emergencial”, diz o promotor Naul Felca.
Na rua Campinas, na Vila Carvalho, a vistoria encontrou vários sacos de lixo, garrafas e falta de proteção para quem transita pelo local. Não existe nada que sinalize a passagem do trem. “Aqui tem que ter uma proteção maior e não apenas esta cerca. Isto é responsabilidade da ferrovia”, comenta.
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No bairro, há quinze dias um mutirão da Secretaria da Saúde retirou 12 toneladas de lixo. “Tudo estava próximo da linha férrea”, diz Tyrone Power Gonçalves, agente de controle de vetores. Para o promotor, a linha do trem em Ribeirão Preto está abandonada. “A situação é de extrema gravidade”, diz.
Pó amarelo
Na rua Rafael Delfina, o grupo encontrou um monte de pó amarelo e pediu a vistoria da Cetesb para identificar se o produto é químico e se pode causar problemas à saúde. “Em outra ocasião a prefeitura já havia localizado três carregamentos e algumas pessoas reclamaram que este pó causou alergia. Pedimos para isolar a área para sabermos do que se trata exatamente”, salienta Felca. Dentro de 30 dias a Cetesb emitirá o laudo sobre o produto.
O gerente de manutenção de via permanente da Ferrovia Centro Atlântica, João Silva Júnior, diz que o entulho ao longo da linha não é responsabilidade da ferrovia. “Este tipo de entulho a operação ferroviária não gera”, diz. Ele afirma que a FCA pretende trazer para Ribeirão um programa para conscientizar a comunidade da importância de se cuidar da linha do trem. “O nosso programa já existe em Uberaba e acontece nas escolas. Acreditamos que a criança leva para dentro de casa o que a ferrovia ensina na escola. Precisamos fazer um trabalho em conjunto”, afirma.
Para o promotor, apenas o programa de conscientização para a comunidade não é suficiente. “Se não tiver uma proposta efetiva vamos fazer uma propositura de ação”, comenta.
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