Amin Murad, presidente da Supervia, concessionária dos trens metropolitanos no Rio de Janeiro, assumiu o comando da empresa há quatro meses com um mandato claro: resolver problemas antigos e recolocar o negócio nos trilhos, com rentabilidade e novos investimentos. Em 2007, a Supervia espera ter o primeiro lucro desde a privatização, em 1998. Até 2013 a empresa pretende quadruplicar o número de passageiros, com 1,47 milhão de pessoas transportadas por dia útil. Em 2006, a média será de 387 mil pessoas por dia.
O plano de crescimento da Supervia depende de negociações com os governos estadual e federal e de um acerto com a distribuidora de energia elétrica Light , com quem a concessionária ferroviária briga na justiça. O futuro da Supervia também depende da aprovação, pela agência reguladora de transportes do Estado, a Agetransp, do plano qüinqüenal da empresa referente ao primeiro período pós-privatização (1998-2003). Controlada por fundos de investimento ligados aos bancos Prosper, PEBB e GE Capital, a Supervia teve prejuízo de R$ 70 milhões em 2005.
Murad diz que a aprovação do plano qüinqüenal permitirá à Supervia reestabelecer o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão. Desta forma, a empresa poderia remunerar o capital investido (foram mais de R$ 390 milhões desde a privatização) e aprovar novos investimentos. Ele estima que a empresa tem créditos de R$ 350 milhões a receber do governo do Estado. A assessoria de imprensa da Agetransp disse que diversos fatores atrasaram a aprovação do plano qüinqüenal da Supervia e informou que o tema estará em pauta em sessão regulatória da agência no dia 27 deste mês.
O executivo também vem discutindo com os governos estadual e federal e com os candidatos ao governo do Estado um plano de investimentos de US$ 540 milhões. Deste total, US$ 60 milhões seriam aplicados pela Supervia em estações e sistemas de operação e US$ 480 milhões pelos governos (estadual e federal) na compra de novos trens. O plano é adquirir 120 TUEs (trem unidade elétrica). Como cada trem é formado por quatro carros, seriam 480 novos carros. Hoje a Supervia tem frota de 515 carros. No total, a concessão se estende por 225 quilômetros em 11 municípios da região metropolitana do Rio.
Todo o crescimento futuro da empresa depende, porém, de um acerto com a Light. A Supervia é a segunda maior devedora da companhia elétrica, atrás da Cedae (a empresa de águas do Estado), com uma dívida que, a valores corrigidos de 31 de julho, totalizava R$ 189 milhões. A Supervia não reconhece os valores apresentados pela Light, mas as duas empresas abriram um diálogo amistoso que poderá levá-las a deixar de lado ações judiciais, diz Murad.
Ele tem feito contatos com o diretor-presidente da Light, José Luiz Alquéres. Ambos acreditam que é possível chegar a um acordo a curto prazo. O problema com a Light, diz Murad, agravou-se nos últimos anos quando a energia elétrica aumentou sua participação nos custos operacionais da Supervia de cerca de 10%, em 1999, para 25%, no ano passado. Hoje a Supervia deposita em juízo o pagamento pela energia fornecida pela Light e desembolsa o valor que considera justo, abaixo da tarifa cobrada pela distribuidora.
Na visão de Alquéres, a Light cobra o valor legal definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O que aconteceria se cada consumidor se desse o direito de ser o árbitro do que acha justo?, questiona. Alquéres diz que a Light está empenhada em encontrar solução amigável com o cliente. Em agosto, a dívida da Supervia com Light foi motivo de uma audiência pública na Assembléia Legislativa do Estado.
Em outra frente, a Supervia pediu à Aneel, no ano passado, o retorno do desconto para a tarifa de tração, o que permitiria reduzir o custo com energia elétrica. A Aneel disse ao Valor que estes descontos, previstos em antigas portarias, não existem mais. Segundo a agência, uma saída para a Supervia diminuir o custo de su
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