Há mais de dez anos os trens no subúrbio de Salvador não funcionam aos domingos. Hoje o projeto “Estação Cultura – Domingo no Trem” marcou a reabertura do percurso Calçada-Plataforma, que passa a funcionar também nestes dias, das 7 às 19 horas, com passagem a R$ 0,50.
A movimentação começou às 9 horas, na Estação de Trem da Calçada, com a apresentação do coral Som e Cor da Escola Municipal Seis de Janeiro e participação de cerca de 40 crianças. O ator Jackson Costa foi a segunda atração. Ele ressaltou a importância do acesso à informação: “Sem o livro eu não vivo. O livro me livra. O livro nos livra!”, disse o ator.
O projeto, uma par ceria entre Secretaria Municipal de Educação e Cultura e a Fundação Gregório de Mattos, prevê a apresentação de diversos grupos culturais durante o percurso, sempre aos domingos. “Pretendemos trazer grupos de dança, teatro e música. Queremos disponibilizar o espaço tanto para apresentações de profissionais, quanto de projetos comunitários”, explicou a gerente de promoção cultural da fundação, Célia dos Humildes, que disse ainda não ter uma programação definida: “Hoje (ontem) está sendo apenas um projeto piloto.
Em cima deste evento vamos estudar o roteiro para os próximos domingos”, afirma ela. Estavam presentes o prefeito João Henrique Carneiro, o secretário de Educação e Cultura em exercício, Weslen Moreira, e o secretário de Transporte e Infra-Estrutura, Nestor Duarte.
Segundo o secretário Nestor Darte, a malha ferroviária do subúrbio, em funcionamento há mais de 140 anos e que foi a 5ª estação do País, será revitalizada. O recurso para a reforma (R$ 33 milhões) foi liberado pelo governo federal, segundo o secretário. “Virão três trens de São Paulo, entre outubro e dezembro e, no início de 2007, colocaremos uma das seis máquinas que temos para reformar no Rio de Janeiro e outras cinco serão reformadas aqui”, disse.
Nestor Duarte demonstrou preocupação com a ponte São João, inaugurada 1952, que liga a Estação da Calçada a Paripe. “Essa ponte está em risco de operação, corroída pelo salitre. Só para reformá-la vamos gastar R$ 10,5 milhões”, dizia o secretário, no momento em que o trem passava sobre a ponte.
O empresário Antonio Carlos, 53 anos, ficou sabendo que o trem voltaria a funcionar aos domingos e levou o neto, de 5 anos, para o passeio. “Na minha infância, eu me divertia indo à Lagoa do Abaeté ou, então, vindo aqui, de trem. Eu me lembro que meu pai me trazia quando eu tinha cinco anos. Fico muito feliz em poder trazer o meu neto”, diz, nostálgico, o empresário, antes de tomar o trem. No final do passeio, Antonio não poupou as críticas: “Eu acho que o prefeito deveria mandar limpar toda essa região. Na minha época, conseguíamos enxergar a paisagem. Hoje, só tem lixo e ferro velho”, lamentou.
Por ironia, quando o prefeito saltou do trem, se deparou com um saco de lixo aberto, jogado ao chão. “Meu Deus, não tem onde jogar esse lixo, não?”, perguntou o prefeito, enquanto juntava o lixo com os pés.
Seja o primeiro a comentar