A unidade mineradora Ponta da Serra, controlada pela Votorantim Cimentos, localizada em Ouricuri, no sertão de Pernambuco, a 623 quilômetros do Recife, está iniciando obras para elevar em 25% a produção de gipsita, matéria-prima utilizada na fabricação de cimento. A ampliação deverá ser concluída em 12 meses. Maior produtora de gipsita do Brasil, a mineradora produz hoje 25 mil toneladas por mês, ou 300 mil toneladas por ano, e a meta é dobrar o volume nos próximos anos, para 600 mil toneladas por ano. A empresa funciona desde 1956 e foi adquirida pela Votorantim Cimentos do Grupo Itaú em 1977.
A região do Araripe produz atualmente cerca de 3,5 milhões toneladas de gipsita e 2,2 milhões toneladas de gesso por ano. De acordo com Jacinto Alves Carvalho Neto, gerente da Ponta da Serra, a ampliação será possível por causa de dois fatores: o aumento no número de clientes e a implantação da ferrovia Transnordestina. A ferrovia vai possibilitar uma redução em dois terços do custo do frete entre a mineradora e o porto de Suape. A questão da logística é determinante na viabilização desse projeto de expandir a extração e o beneficiamento da gipsita, tanto para o mercado interno quanto para o externo. As jazidas da Votorantim Cimentos no sertão de Pernambuco têm reservas de 28 milhões de toneladas. Considerando o atual nível de consumo, a empresa poderá explorar a mina por mais 90 anos.
A produção da mineradora Ponta da Serra abastece as três fábricas de cimento da Votorantim no Nordeste (Sergipe, Paraíba e Ceará), além de atender a demanda de duas multinacionais – a Placo, da francesa Saint-Gobain, e a alemã Knauf, localizadas em São Paulo e no Rio, respectivamente – e clientes locais (calcinadoras). Diversificação de mercado O lançamento da gipsita agrícola feito em 2005 pela empresa vem estimulando a ampliação da produção da unidade do grupo Votorantim. O produto faz parte da estratégia da empresa de diversificar o portfólio e incrementar a carteira de clientes. A unidade tem capacidade instalada para produzir anualmente 100 mil toneladas desse produto, voltado para atender as necessidades das culturas de cana-de-açúcar, frutas, grãos e algodão.
No rastro do crescimento do agronegócio no Brasil, a empresa encontrou no setor uma nova opção para o uso da gipsita, que era usado apenas na fabricação do cimento. A gipsita agrícola fornece cálcio e enxofre para as plantas e funciona como um condicionador de solos, reduzindo os teores de alumínio no subsolo, possibilitando o aprofundamento das raízes das plantas de forma a gerar maior absorção de nutrientes e maior resistência à estiagem. Para atender ao mercado agrícola, a mineradora passou inclusive a reduzir a granulometria do material visando a aumentar a eficiência do produto no solo. Para o uso nas fábricas de cimento, a granulometria da gipsita varia de zero a 100 milímetros, enquanto que para o uso agrícola deve ficar entre zero e cinco milímetros.
Maior produtividade Carvalho Neto afirmou que a mineradora Ponta da Serra é a única da região do Araripe que possui filtros na estação de britagem (local onde as pedras de gipsita são processadas). Os filtros impedem a emissão de partículas (pó) para a atmosfera. Dessa forma, o produto pode ser adicionado ao solo, garantindo uma maior produtividade nas lavouras. O novo produto, 100% natural, é vendido nos estados da Bahia, Piauí, Pernambuco, Alagoas e Paraíba. Outra grande vantagem da gipsita com relação a seus concorrentes é que ela é mais solúvel e tem mais mobilidade, disse.
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