As obras da Ferrovia Transnordestina foram reiniciadas em Missão Velha, no primeiro trecho de 114 quilômetros que liga o Ceará a Salgueiro (PE). O canteiro de obras da Empresa Industrial Técnica S/A (EIT) foi embargado no dia 11 de outubro, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) porque, segundo laudo técnico, a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) não cumpriu as exigências contidas na licença de instalação do primeiro trecho da ferrovia.
Na oportunidade, o Ibama também aplicou uma multa de R$ 272 mil à CFN devido ao não cumprimento desses “condicionantes” e também pelo desmatamento de uma área por onde passará a estrada. Com o reinício das obras, grupos de operários estão trabalhando até no domingo. A continuidade da obra tranqüilizou a população de Missão Velha, que estava preocupada com a suspensão definitiva dos trabalhos.
O vereador José Rolim diz que o primeiro beneficio do projeto foi a abertura de emprego para mais de 100 operários. Até o Hotel Municipal de Missão Velha foi reativado para atender ao movimento gerado pela empresa construtora. Também foram restauradas as estradas vicinais que dão acesso ao canteiro de obras.
A Ferrovia Transnordestina terá 1.860 quilômetros de extensão e vai sair da cidade de Eliseu Martins (PI) e se dividir em dois ramais, sendo que um vai até o Porto de Pecém, próximo à Fortaleza. Já o segundo ramal corta o Estado de Pernambuco e termina no Porto de Suape.
As obras da Transnordestina foram iniciadas em meados de agosto, depois que saiu a licença de instalação concedida pelo Ibama para que a CFN executasse o empreendimento. No momento estão sendo realizados trabalhos de terraplanagem e construção de bueiros e pontes nos primeiros 10 quilômetros, entre os sítios Quimani e Caiçara, Município de Missão Velha.
A ferrovia é uma antiga reivindicação de vários setores produtivos do Nordeste e vai baratear o escoamento da produção do gesso do Sertão do Araripe, de grãos do Sul do Piauí e do oeste baiano, entre outros benefícios. Os empresários e lideranças políticas do Cariri estão apostando no fortalecimento do intercâmbio de fruticultura irrigada entre o Cariri e Petrolina (PE).
A malha ferroviária do Nordeste, construída há mais de 100 anos com o objetivo de exportar produtos primários e importar manufaturados, atualmente apresenta grandes problemas de infra-estrutura básica, com drenagens insuficientes, plataformas estreitas, taludes em mau estado de conservação, irregularidade nos lastros e trilhos desgastados. Além disso, o seu traçado não favorece a circulação rápida e de baixo custo de transporte para os principais fluxos de interesses da região. O trem cargueiro consome mais de 1 hora de Fortaleza para o Crato.
A obra integra o Plano de Revitalização de Ferrovias lançado pelo presidente Lula. O projeto prevê a construção do novo trecho, a compra de novos vagões e locomotivas e a recuperação de trechos existentes. Será um grande impulso no escoamento da produção regional, de forma mais ágil e a um custo menor.
O projeto original da Transnordestina foi iniciado em 1990 e paralisado no final de 1992, segundo o Ministério dos Transportes. Com base nas ações para retomada do desenvolvimento do Brasil, assim como é o projeto de integração das bacias do São Francisco, a criação da Transnordestina foi retomada pelo atual governo. Por enquanto, será feito o transporte de carga, mas as lideranças políticas da região estão pensando na volta do trem de passageiros. O prefeito de Aurora, Carlos Macedo, por exemplo, sonha com o chamado trem da feira, que atendia aos municípios de Crato, Juazeiro, Aurora, Lavras da Mangabeira e Iguatu.
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