Excluída do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a obra de construção da linha 3 do Metrô do Rio de Janeiro permanece como sonho de consumo do governador Sérgio Cabral. Tanto que o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, anunciou que ainda vai tentar incluí-la no programa federal por meio de uma manobra no Congresso Nacional – que ainda precisa aprovar algumas das medidas anunciadas na segunda-feira. Se não der certo, há um plano B: a construção de um pré-metrô, avaliado em US$ 163 milhões, para preservar o trajeto.
O ministro das Cidades, Márcio Fortes de Almeida, justificou ontem a exclusão da linha 3 do PAC, sob o argumento de que o governo optou por dar prioridade a trechos cujas obras já foram iniciadas. Nesse caso, optou-se pela inclusão dos metrôs de Belo Horizonte, Salvador, Recife e Fortaleza. O ministro descartou, no entanto, a inclusão do trecho do Rio no PAC.
Mesmo que Lopes seja bem sucedido na manobra no Congresso, a linha 3 ainda corre o risco de esbarrar na disposição do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de cortar a dotação orçamentária já reservada para o projeto (R$ 50 milhões). Além do metrô, outro projeto com dotação já reservada para o Rio também pode ser cortado: os corredores rodoviários Nilópolis-Mesquita e Barra da Tijuca-Madureira, que já teriam R$ 43 milhões previstos.
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Como os dois investimentos não constam do PAC, comenta-se em Brasília que não será surpresa se a tesoura da equipe econômica bloquear as verbas. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o contingenciamento pode chegar a R$ 20 bilhões. Elogiado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), o PAC foi generoso com o Rio nos investimentos na área de energia (R$ 40 bilhões), mas econômico quanto ao setor de transportes (R$ 1,016 bilhão).
Fortes de Almeida evitou fazer qualquer previsão quanto à aprovação da linha 3 do metrô. Limitou-se a informar, no entanto, que o empreendimento aguarda em uma fila com outros projetos metroviários de Vitória e Curitiba.
– Ainda estamos só no dia seguinte à aprovação do PAC – justificou o ministro. – Vamos aguardar o andamento do programa, ver como ele se desenrola, para fazer qualquer avaliação sobre o futuro desses outros projetos.
Por enquanto, o PAC inclui a conclusão dos trechos Eldorado-Vilarinho, em Belo Horizonte (MG); da linha Sul, em Fortaleza (CE); da linha que roda desde outubro em caráter experimental, em Recife (PE); e da linha em Salvador (BA).
Os outros quatro empreendimentos listados são adequação da linha férrea no perímetro urbano de Barra Mansa, ampliação da capacidade de passageiros do Aeroporto Santos Dumont (para 8,5 milhões por ano), recuperação e revitalização dos sistemas de pistas e terminal de cargas do Aeroporto Tom Jobim e dragagem no Porto de Sepetiba. O Orçamento deste ano reserva R$ 137,3 milhões para estradas.
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