Desde que assumiu o controle da Brasil Ferrovias e Novoeste Brasil (concessões Novoeste, Ferroban e Ferronorte), no primeiro semestre do ano passado, a ALL – América Latina Logística/Novoeste, demitiu 550 funcionários da Novoeste de Mato Grosso do Sul e São Paulo, segundo informação do sindicato dos ferroviários do Estado. A empresa admite as dispensas, mas não reconhece o número. Segundo ela, 401 pessoas foram demitidas da Novoeste.
O coordenador regional do sindicato, Roberto Mendes Teixeira, afirma que as demissões não param. “Todo dia tem demissão. Esse número deles de demissão foi só da primeira leva, quando eles assumiram”. Teixeira também reclama da terceirização dos serviços; da situação da malha viária, segundo ele, precária; do adicional por periculosidade que não estaria sendo pago e da manutenção de um maquinista por viagem – motivo de reclamação da categoria desde o ano passado. “Antes eram dois maquinistas, agora por força de alteração arbitrária da empresa, um maquinista só viaja, o que é um perigo, tendo em vista a situação da estrutura férrea”, afirmou. “Nós já acionamos a Procuradoria Regional do Trabalho de Bauru para que eles contenham as irregularidades da ALL”, emendou.
A ALL informou, através de sua assessoria, que assumiu uma empresa (Novoeste) “praticamente falida” e com funcionários em excesso, alguns, inclusive com dois cargos. Boa parte dos demitidos teriam sido reaproveitados nas terceirizações. Em Mato Grosso do Sul o número de terceirizados é de 230 funcionários, 98% seriam antigos trabalhadores, conforme a empresa. Atualmente a Novoeste (SP e MS) conta com 430 funcionários.
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O uso de um maquinista e um auxiliar, é uma prática dispensável, de acordo com a empresa, porque as locomotivas estão equipadas com computador de bordo e GPS. “Antes tudo era feito via rádio, hoje o computador informa, inclusive, se o trem está saindo do trilho”. A ALL afirma ainda que investiu nas rodovias e que o número de acidentes em Mato Grosso do Sul caiu e 170 acidentes por milhão de trem quilômetro para 114.
A empresa pretende investir R$ 2 bilhões em sua malha nos próximos cinco anos. Em 2007, serão R$ 80 milhões no Estado – que tem 1.365 quilômetros de linha distribuídos entre Três Lagoas, Corumbá, Campo Grande e Ponta Porã.
Temor – O sindicato afirmou que outra preocupação da categoria é a falta de segurança. “Por conta da falta de manutenção, a velocidade do transporte não passa dos 15 km, prato cheio para os criminosos. É um abandono total”. Ele teme pela segurança dos funcionários e lembra que a linha de Mato Grosso do Sul chega à Bolívia – trajeto que poderia motivar traficantes de armas ou drogas. A empresa afirma que o tráfico através da ferrovia é impossível porque os produtos são siderúrgicos e que 98% dos vagões que fazem transporte até a Bolívia são abertos – itens que dificultariam a ação dos bandidos. Mato Grosso do Sul conta com seis postos 24h de segurança e com manutenção constante dos trilhos, segundo a empresa.
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