Malha rodoviária e ferroviária são uma opção pouco eficiente frente ao caos dos aeroportos. Mesmo com a clara aceleração dos investimentos públicos na infra-estrutura de transportes terrestres observada no primeiro semestre deste ano, passageiros e transportadores de cargas parados no caos dos aeroportos encontram na malha rodoviária e ferroviária do País uma opção pouco eficiente e insegura de deslocamento, apontam especialistas do setor. A situação se reflete nas estatísticas da Polícia Rodoviária.
Pressionados pela crise aérea, os passageiros estão buscando as estradas durante o período de férias escolares. Como resultado, o número de acidentes aumentou 18% em relação ao mesmo período em 2006 e 449 pessoas morreram em acidentes rodoviários neste mês. A falta de conservação das estradas é um dos motivos. Cerca de 45,8 mil quilômetros de estradas estão em condições ruins ou péssimas, segundo dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Desse montante, 1.090 quilômetros de estradas estão completamente destruídos.
Apagão terrestre
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Para o vice-presidente da CNT, Newton Gibson, a malha rodoviária brasileira, as ferrovias e os portos estão à beira de experimentar um apagão de proporções ainda mais graves do que a crise instalada no setor aéreo. Segundo os dados divulgados na última pesquisa da entidade, 49,1% das estradas apresentam pavimentação entre desgastada e totalmente destruída, 70,3% estão com a sinalização danificada ou inexistente. Um total de 10.615 quilômetros de rodovias apresentam afundamentos, ondulações ou buracos que comprometem o cumprimento de prazos no transporte de cargas e a segurança dos usuários.
Estatísticas do Datatran, banco de dados de acidentes de trânsito do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, mostram que, em 2005, 6.346 pessoas morreram em acidentes acontecidos em rodovias federais diretamente ligados com a má condição das estradas. Para efeito de comparação, o número de mortos nas mesmas condições em rodovias administradas pela iniciativa privada foi de 1.359 no mesmo período. Os dados são da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).
Na estimativa da confederação, seriam necessários investimentos de R$ 20 bilhões por ano até o fim desta década para corrigir o atual quadro das rodovias federais. Mas o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê apenas R$ 36 bilhões de investimentos em logística até 2010. É o equivalente a um bolo de R$ 12 bilhões por ano, a ser dividido entre aeroportos, portos, rodovias e ferrovias.
“Ainda não houve um apagão nas estradas porque São Pedro ajudou. As obras da chamada Operação Tapa-Buraco serviram para segurar a situação do transporte rodoviário por algum tempo, mas é senso comum dentro do setor que os reparos são frágeis. Uma estação de chuvas intensas pode, sim, fazer o caos retornar às estradas”, diz Gibson.
Os investimentos do governo federal em transportes alcançaram no primeiro semestre deste ano o maior volume desde o início do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo dados do Sistema de Acompanhamento Financeiro da União (Siafi) levantados pela ONG Contas Abertas, até o último dia 25 foram empenhados R$ 2,1 bilhões para obras de duplicação e conservação de rodovias e expansão da malha ferroviária.
É pouco menos do que se investiu em logística durante todo o ano de 2005, mas ainda assim projetos considerados prioritários pelo governo sofrem com a falta de recursos. É o caso do Pró-Sinal, lançado em 2006 com a promessa de reparar a sinalização das estradas e aumentar a segurança dos motoristas, mas que está praticamente parado. No ano passado, 20 mil quilômetros de rodovias tiveram sua sinalização reparada.
Neste ano, apenas 1,7 mil quilômetros de estradas tiveram faixas de rodagem pintadas pelo governo. Outros 3,2 mil quilômetros receberam placas novas. A previsão do projeto era beneficiar 27,7 mil quilômetros de rodovias com
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