Os investimentos previstos pelo Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, devem ampliar em 2,5 mil quilômetros a extensão das ferrovias no país até 2010, mas os usuários e a Confederação Nacional dos Transportes – CNT consideram o aumento insuficiente. Com 29 mil quilômetros de extensão, dos quais 26 mil estão privatizadas, a malha ferroviária do país é a mesma desde 1922.
Na opinião da CNT, o governo deveria multiplicar por quatro os planos de investimentos. malha ferroviária do país está em boas condições operacionais, depois do processo de concessão de 1996. A extensão concedida a iniciativa privada é de 25 mil quilômetros, quase a totalidade dos 29 mil existentes. No entanto, a extensão total é menor do que a Argentina que tem 38 mil quilômetros, a Alemanha com 49 mil ou os EUA com 200 mil. Segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), José Alexandre Resende, o problema é que são investimentos caros, com um tempo de retorno elevado.
“PAC privilegiou rodovia”
Na média, são 50 anos para rever o valor investido. Além disso, a manutenção também é cara, cerca de 20 vezes o gasto para manter uma rodovia. A vida útil de uma rodovia, se bem mantida, é de oito anos, já no caso das ferrovias, a manutenção é praticamente constante, devido ao peso que uma ferrovia têm que suportar, sobretudo no transporte de minério.
O peso de um vagão equivale a dois caminhões de cinco eixos, segundo dados da ANTT.
A dificuldade é encontrar quem faça esses investimentos. O longo prazo de maturação praticamente inviabiliza a atuação da iniciativa privada. Sobra o governo para fazer os investimentos, só que, até agora, não deu provas de sua eficácia para fazer os projetos saírem do papel. Na avaliação do presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Luis Cesário da Silveira, apesar de o Programa de Aceleração do Crescimento solucionar alguns gargalos, como contornos ferroviários, ainda é muito pouco para que o país precisa. Ele reclama que o PAC privilegiou o sistema rodoviário, contemplado com a construção de 6.876 quilômetros, a duplicação de 3.214 e a recuperação de 32 mil quilômetros de rodovias federais, em detrimento do setor ferroviário.
O Presidente do Sindicato Nacional da Construção Pesada, Luiz Fernando Santos Reis, corrobora com a tese, mas acrescenta que o governo tem dificuldade em obter financiamento, porque ele está no limite de sua capacidade de endividamento e que, por isso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está amarrado para financiar o estado.
Resende, da ANTT, avalia que o segmento está em seu melhor momento e pronto para um novo salto. “O setor está saneado, se consolidou, e está em condições de se capitalizar”. Segundo ele, as concessionárias do setor operam com lucro. Como prova disso, uma delas, a América Latina Logística do Brasil (ALL), abriu o capital, mas reconhece que os investimentos na expansão da malha são caros e que o governo é quem deve tomar a iniciativa.
Seja o primeiro a comentar