Dias depois de se jogarem ao chão num trem da MRS Logística atacado a tiros por traficantes do Jacarezinho, o ministro das Cidades, Márcio Fortes de Almeida, e o secretário estadual de Transportes, Julio Lopes, negociam liberação de R$ 10 milhões do governo federal para a remoção de casas na comunidade construídas no entorno da via férrea. Na próxima semana, será realizada uma reunião do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, que dispõe de R$ 1 bilhão para solicitações de até R$ 10 milhões de estados e municípios.
— Primeiro tenho que receber as solicitações. Vamos analisar o pedido de remoção das casas no Jacarezinho com a maior atenção e o maior carinho. Seria a continuidade de uma obra que já iniciamos. Mas seria incorreto da minha parte garantir que os recursos serão colocados, o ministro não pode declarar isso — afirmou o ministro.
O secretário Julio Lopes determinou que técnicos do estado trabalhem no projeto em regime acelerado para enviá-lo rapidamente a Brasília.
De acordo com o secretário, o incidente de segunda-feira — quando pelo menos quatro balas e uma pedra atingiram a composição com dois ministros — agilizou o compromisso federal para a liberação de verba: — O dinheiro ainda não está liberado.
O ministro (Márcio Fortes) disse que vai liberá-lo e quer que façamos o procedimento de requisição, temos que seguir o processo burocrático.
O incidente deu amplitude nacional e contribuiu, sim, para agilizá-lo.
Todos me perguntam sobre o assunto, até o presidente da Infraero.
Barracos estão a 30 centímetros de trem O projeto da Secretaria de Transportes determinará o número de casas do Jacarezinho que serão derrubadas para que os trens de carga do único acesso ferroviário ao Porto do Rio possam passar com segurança.
Hoje, alguns barracos estão a cerca de 30 centímetros das composições, forçando a redução de velocidade.
O projeto deverá seguir o modelo do primeiro trecho da obra, inaugurado na segunda-feira passada, que contou com a contribuição da prefeitura e da MRS. Num investimento de R$ 10 milhões, 450 casas foram removidas num trecho de 1,5 quilômetro entre Manguinhos e a Avenida Dom Hélder Câmara, às margens da linha férrea. Muros de concreto foram erguidos para evitar novas invasões.
— O dinheiro será usado para a remoção das famílias. Pretendo conversar com a MRS, que ficaria com a obra de engenharia (demolição das casas e construção do muro) e vamos pedir à prefeitura que nos ajude.
Cada vez que melhoramos o acesso, melhoramos a arrecadação de ICMS e o município tem beneficio direto — disse Júlio Lopes.
Fim de gargalo para trem na cidade O presidente da MRS, Júlio Fontana Neto, reafirmou a intenção de contribuir com a obra no Jacarezinho. Técnicos estão fazendo a contagem das famílias a serem removidas. Ele estima que sejam 400 delas morando ao lado da linha férrea num trecho de menos de um quilômetro.
— A obra no Jacarezinho é fundamental para resolver a questão da entrada no Porto: o último gargalo da nossa malha na cidade. Será necessário remover menos famílias do que na primeira etapa da obra. Na Região Metropolitana, no entanto, ainda há passagens de nível perigosas e pontos de invasão de faixa de domínio — afirmou Júlio Fontana.
A Secretaria municipal do Habitat não recebeu qualquer comunicado quanto à remoção de casas no Jacarezinho.
Em nota, informou que não terá qualquer problema em atuar na comunidade, a exemplo da primeira etapa, já concluída.
Moradores também não conhecem o projeto, mas aprovam a remoção das casas em áreas de risco. Um dos diretores da associação do bairro e representante do movimento Jacarezinho Pela Paz, Elias dos Santos, o Toby, ressaltou a importância de construir moradias em locais seguros, longe de trens.
— Isso é positivo porque tira as pessoas de áreas perigosas. Os trens podem causar sérios acidentes — di
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