Edson Duda é um apaixonado por barcos. A vela ou a motor, grandes ou pequenos. E foi essa sua paixão, aliada a uma interferência do acaso, que o colocou na trilha de um grande negócio anos atrás. Este homem risonho, de 52 anos, que aparenta ser mais baixo do que os seus 1,72 metro de altura e cujas feições lembram as do ator americano Danny De Vito, está sentado hoje sobre uma reserva de minério de ferro que, se estivesse toda disponível para venda imediata, valeria espantosos US$ 150 bilhões aos preços de mercado atuais (tecnicamente, as contas não são tão simples).
Ele é o dono da Mhag Mineração, uma novata que ainda engatinha nesse ramo, que se tornou um dos melhores filões de negócios do mundo nos últimos anos depois das sucessivas altas do metal. Qualquer um que tenha uma mina de ferro na atualidade, em qualquer canto do planeta, pode se considerar um homem de sorte. Duda, com recursos minerais indicados de 3,77 bilhões de toneladas no Nordeste brasileiro, é um homem de muita sorte.
Duda conta que, em 2003, uma grande mineradora australiana – uma das três gigantes do setor, ele pede para não citá-la nominalmente por serem “do mesmo ramo agora” – estava muito interessada em adquirir uma área no Porto de Santos. Um amigo de Duda tinha um terreno na zona portuária e, para poder mostrar aos executivos do grupo estrangeiro a propriedade, pediu emprestado o seu barco. Duda não só cedeu a lancha como juntou-se ao grupo no passeio. Ao fim da jornada, a venda do terreno não vingou, mas Duda desembarcou com o apetite aguçado pela mineração de ferro, depois de tantas conversas com os representantes do grupo australiano. A partir daí passou a prestar mais atenção ao noticiário do setor e percebeu que a demanda mundial só fazia crescer, puxada, principalmente, pelo consumo chinês.
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No ano seguinte, uma consultoria lhe apresentou a oportunidade de comprar uma pequena fatia de uma desconhecida mineradora, a Mhag. Os sócios, brasileiros, precisavam de dinheiro para desenvolver a mina e procuravam um parceiro. Duda resolveu arriscar e comprou 15% do negócio. Isso foi em 2004. Logo depois, em 2005, o ferro teve a sua primeira grande alta, de 71,5%. E não parou mais.
Nem Duda parou. Conforme crescia a necessidade de capital da Mhag e os sócios originais não dispunham de recursos, ele ampliou sua participação e passou a controlar a empresa. Quando pôde, arrematou o restante. No total, diz ter investido cerca de US$ 80 milhões. Em julho deste ano, a sua Mhag foi avaliada por algumas centenas de milhões, quando a trading de Hong Kong Noble Group pagou R$ 112 milhões para ficar com 30% da companhia.
Entre outros negócios, a trading, que é listada na bolsa de Cingapura e fatura US$ 20 bilhões por ano, gerencia uma frota de 180 navios. Esse foi um dos fatores que pesou a favor da Noble, entre outros cinco interessados. Frete marítimo é um artigo escasso e caro na atualidade. O dinheiro do Noble foi usado para aumentar o capital da empresa e investir em logística.
O valor pago pelo grupo chinês ainda é tímido perto do que pode estar por vir. Duda, ao lado dos executivos da Noble, trabalham para levar a empresa à bolsa de valores no quarto trimestre de 2008. Segundo apurou o Valor, cálculos preliminares feitos por bancos de investimentos interessados nesse contrato indicaram que a empresa valeria hoje cerca de US$ 5 bilhões. Duda não comenta.
Em sua infância em São Caetano, na Grande São Paulo, Edson Duda, filho de um operário do ABC paulista, não poderia sonhar tão alto. E, ainda agora, custa a acreditar. “Estou vivendo um momento mágico.” Ele não saiu do nada para tornar-se um mini-magnata do ferro do dia para a noite. Formado em administração de empresas, Duda iniciou a vida profissional na área comercial da Shell. E foi pela multinacional de petróleo que acabou transferido para Curitiba, no Paraná. Aos 28 anos desligou-se da empresa e inic
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