A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) não pretende enfrentar mais um racionamento de energia elétrica como ocorreu em 2001. E, para isso, vem se preparando há mais de dois anos comprando o insumo nos mercados livre e cativo.
Diariamente, a empresa transporta 1,6 milhão de passageiros de 22 municípios na região metropolitana de São Paulo por 253 quilômetros de linhas integradas ao Metrô e ônibus. O sistema de alimentação é mantido por tração com 22 subestações e cerca de 720 quilômetros de rede aérea.
Preocupada com as diretrizes do mercado, planejamento de longo prazo e redução de custos, em março de 2005 a CPTM aderiu ao mercado livre de energia elétrica. Além disso, para garantir ainda mais o abastecimento, firmou contrato até 2015, com a Companhia Energética de São Paulo (Cesp), para fornecimento de 29 megawatts (MW) médios, ou seja, 254 gigawatts hora (GWh) ao ano. “Ao trabalhar com duas fontes, nós temos garantias do transporte dos usuários dos trens, principalmente, em horários de pico”, disse à Gazeta Mercantil o diretor operacional de manutenção da CPTM, Atílio Merillo.
Quanto à iminência de um racionamento, segundo o executivo, existe uma equipe que já desenvolve uma estratégia de atuação e admite que, em curto prazo será necessário contratar mais energia. “Nos próximos três anos estamos prevendo o aumento na demanda de 47%. O racionamento não nos assusta, porém, se ocorrer vamos ter que nos adequar às determinações”.
A energia elétrica representa o terceiro maior custo da CPTM. O consumo mensal da empresa é igual ao de de uma cidade de 360 mil habitantes (de mesmo porte de Mogi das Cruzes ou Jundiaí, em São Paulo).
Mesmo com aplicação de boa gestão, a CPTM enfrenta problema junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Por imposição do orgão regulador, ela está inserida na modalidade tarifária horo-sazonal, que visa o uso racional da energia elétrica disponível no País. Essa tarifa determina preços mais altos de demanda no horário de ponta — entre 17 e 21 horas. “Estamos nos unindo com o Metrô para tentar, junto à Aneel, uma revisão tarifária para estes horários”, acrescenta Merillo. Se por um eventual problema houver queda no fornecimento, mesmo por responsabilidade da distribuidora, a CPTM paga a mesma tarifa e com multa.
Para evitar uma sobrecarga em suas subestações, a companhia programou horários alternados de partidas dos trens que permite a economia. Com essa estratégia e com a compra do insumo nos dois mercados, até junho de 2007, a empresa conseguiu economizar R$ 21,7 milhões. Tal montante seria suficiente para pagar as contas de energia das oficinas de manutenção de trens de Presidente Altino por 28 anos, ou da Lapa por 24 anos.
Dentro de expansão de transporte da CPTM, a fatia destinada à CPTM até 2010 será de R$ 6 bilhões. Neste valor estão incluidas as aquisições de novos trens e a reforma da frota existente.
País e o período crítico – De acordo com analistas do setor energético, o Brasil está entrando num período crítico. Entre 2008 a 2010 existe a possibilidade de um racionamento. Os indicadores para esse quadro são a baixa do volume de água nos reservatórios de acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), a retomada de operação das usinas termelétricas na região Nordeste e a última análise da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que prevê aumento de consumo em 2008. Os cinco leilões realizados no segundo semestre do ano passado – onde foi contratada toda energia dos novos empreendimentos, inclusive o das térmicas – ainda não dão garantias de abastecimento. A maioria das hidrelétricas que entrou nestes leilões só vai iniciar a geração a partir de 2010.
Frente a este cenário, a CPTM está implantando um sistema de tele-medição do consumo de energia das suas subestações elétricas. Com esse recurso, será possível o gerenciamento da demanda contratada e do consumo de energia elétrica.
“Estamos
Seja o primeiro a comentar