Algumas das maiores cidades do mundo estão desenhando os mais ambiciosos projetos imobiliários desta geração, um sinal da crescente confiança no modo de viver urbano mesmo quando o cenário financeiro fica mais pessimista.
A lista é longa e cara, com mais de 15 empreendimentos, alguns dos quais orçados em até US$ 30 bilhões. São quatro em Nova York, pelo menos três em Dubai, dois em Londres, em Chicago e em Milão, e um em Amsterdã, em Los Angeles, em Paris e em Mumbai.
Há várias razões para os projetos. Um dos mais caros – o Songdo City, de US$ 20 bilhões, na Coréia do Sul – está apresentando seus 600 hectares de escritórios, apartamentos, hotéis e parques perto do Aeroporto Internacional Incheon como um centro para as operações asiáticas das empresas. Alguns projetos, como a nova entrada para Milão ao redor da estação de trem Garibaldi, visam a impulsionar áreas empobrecidas, e outros pretendem corrigir erros anteriores de planejamento urbano.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
A maioria desses projetos reflete a popularidade crescente dos centros urbanos como lugares para se morar, ir às compras e trabalhar. As incorporadoras afirmam que o projeto Hudson Yards em Nova York, para construir prédios por cima de trilhos de trem em Manhattan, por exemplo, é necessário porque a cidade está ficando sem espaço para escritórios.
Mas a hora não é favorável para planos assim. Os bancos estão reduzindo os financiamentos para imóveis comerciais. Embora alguns projetos como os de países com os cofres cheios, como Dubai, estejam relativamente protegidos, nos bastidores as incorporadoras temem que muitos desses empreendimentos ambiciosos – e difíceis de concluir mesmo quando a economia vai bem – possam estar sob risco.
Nós achamos que existem muitos projetos que não começam porque não conseguem financiamento, diz Jeff Blau, presidente da Related, uma incorporadora de capital fechado envolvida em vários empreendimentos colossais. Claro que ele é otimista em relação aos projetos de sua própria empresa. A Related começou a construir no início do mês a primeira fase do The Grand, um projeto de US$ 3 bilhões perto do Walt Disney Concert Hall no centro de Los Angeles que terá um parque de 6,5 hectares e um prédio projetado por Frank Gehry com apartamentos e um hotel da rede Mandarin Oriental.
Num dos primeiros indícios da pressão que o mercado de crédito vêm exercendo sobre esses projetos, analistas do Goldman Sachs rebaixaram no dia 14 a avaliação de risco da ação de uma das maiores incorporadoras americanas de projetos urbanos, a Forest City Enterprises. O relatório de rebaixamento dizia que os custos mais altos para obter financiamento e realizar a construção estão deixando seus projetos menos lucrativos. Uma subsidiária da Forest City, a Forest City Ratner Cos., uma prolífera construtora de Nova York, adiou a esperada conclusão de um estádio de basquete que é o centro de um projeto de US$ 10 bilhões construído por cima de uma linha férrea no Brooklyn. O projeto Atlantic Yards inclui 16 edifícios residenciais e de escritórios juntamente com amplo espaço para lojas. A primeira fase, que inclui o estádio, agora deve ficar pronta em 2010, em vez de novembro de 2009.
Um porta-voz da empresa disse que o atraso não está relacionado ao mercado financeiro e que não há ligação entre o mercado de crédito atual e a lucratividade no longo prazo. Mesmo assim, o atraso aumenta o tempo de espera antes que a Forest City possa obter receita de seu investimento no projeto, que inclui mudar de lugar trilhos de trem.
Os megaprojetos geralmente são considerados depois de anos de solidez no mercado imobiliário. Ironicamente, isso significa que as incorporadoras começam a remexer a terra quando o ciclo econômico já segue ladeira abaixo. O fantasma da recessão – que muitos economistas vêem como uma possibilidade, pelo menos nos Estados Unidos – provocaria o caos na demanda imobiliária porque a criação de empregos é a pri
Seja o primeiro a comentar