Ayrton Camargo e Silva
Até poucos anos atrás, todas as esquinas da rua 11 de agosto possuíam aquelas antigas placas de fundo azul, identificadoras dos logradouros da cidade, mas com uma frase abaixo do seu nome, com os dizeres “Data de inauguração da Companhia Paulista”. Se para a Capital essa data significa a fundação da Faculdade de Direito, para Campinas ela tem significado de igual ou maior relevância, pois foi quando nosso município integrou-se ao resto do mundo pela ferrovia. (…)
Durante quase 90 anos o fluxo ferroviário orientou o desenvolvimento de nossa região, para a partir da década de 50 ser substituído pelo modo rodoviário. E essa mudança trouxe todas as externalidades negativas inerentes ao mau uso dessa modalidade: congestionamentos, aumento dos tempos de viagem, dos acidentes e do consumo de combustíveis não renováveis.
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No passado, apostava-se no alargamento dos trechos congestionados de rodovias como forma de torná-las mais eficientes nas ligações entre as cidades, criando a ilusão de que, quanto mais pistas, mais cedo se chegaria a seu destino. Esse modelo se esgotou, e hoje, com base na experiência internacional, busca-se a redução dos tempos de conexão entre as cidades por meio da adoção de trens de alta velocidade, o único sistema capaz de garantir elevada confiabilidade, segurança e disponibilidade. (…)
A Região Metropolitana de Campinas possui funções econômicas, sociais, culturais, tecnológicas, educacionais, entre outras, interdependentes da Capital bem como do Interior, com uma infra-estrutura que pode ser mais eficiente se integrada a mercados maiores e complementares.
A ligação ferroviária surge aí como meio de corrigir distorções e dinamizar o processo de desenvolvimento regional entre Campinas e São Paulo. Ela deve integrar o planejamento regional, focado na dinamização de tendências existentes, corrigir duplicidades de investimentos e mesmo eliminar ou restringir atividades que desperdicem investimentos e recursos escassos, tornando as cidades atendidas centros complementares e integrados.
Pela importância que a região de Campinas tem para a Capital, para o restante do país e também para o exterior, é fundamental o investimento em uma infra-estrutura que garanta conexões de alta qualidade operacional bem como tempo reduzido e previsível de deslocamento em relação ao modo rodoviário, independente das condições externas.
Essa ligação possibilitará a formação de um sistema aeroportuário macro-metropolitano, através da articulação dos aeroportos de Viracopos e Cumbica. e posteriormente, através de ligações metroviárias aos aeroportos de Congonhas e do Campo de Marte. Com isso criar-se-á um sistema de “vasos comunicantes” onde serão integradas as capacidades de cada aeroporto, evitando investimentos pontuais em cada terminal e consolidando a malha de vôos dentro de uma rede aeroportuária articulada pelo trem de passageiro.
Quanto à velocidade comercial do trem, ela é antes de tudo função do traçado necessário para o seu alcance. Velocidades mais elevadas requerem traçados com rampas mais suaves e curvas de maior raio, o que encarece a implantação do projeto. Esse custo reflete-se diretamente na tarifa a ser cobrada dos usuários, na taxa de retorno do investimento e no prazo de sua concessão.
Mais importante que uma velocidade extremamente elevada para polir brios bairristas, é ter no trem um sistema de desempenho superior ao modo rodoviário atual, na disponibilidade, confiabilidade e tempo de viagem, que garanta tarifas atraentes para os cidadãos e que não tenha seu custo de implantação em patamares proibitivos.
Dentro dessa visão, a Emdec, na gestão 2001-2004, elaborou o Sistema Estrutural de Transporte de Campinas, que propõe um sistema de corredores de transporte público articulando os pontos cardeais da cidade, que tem no novo terminal rodoviário de Campinas, atualmente em constru
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