Enquanto o cenário de depredação da região da Estação Ferroviária causa revolta da população, do outro lado a organização e a limpeza dos vagões que foram transformados em casa despertam curiosidade.
Os vagões estão sendo utilizados desde setembro por 13 funcionários da Empreiteira DHF, do Rio Grande do Sul, que está prestando serviço de manutenção e recuperação de pontes dos trilhos na região de Limeira, Santa Gertrudes e Sumaré.
A naturalidade com que eles usam os “cômodos” da casa revela que estão habituados a viver dentro dos vagões. Cada vagão é um cômodo da residência, dividida com vários quartos, sala, cozinha e banheiro.
Alexandre Fuza, de 23 anos, disse que não sente diferença entre morar no vagão ou na sua casa. Ele permanece no vagão 22 dias e folga sete no Rio Grande do Sul, onde usufrui o salário de R$ 900 por mês. “Me sinto feliz. Já me acostumei. Além disso, não temos nenhuma despesa”.
A cozinheira Mauricélia Silva Salaza, de 27 anos, também disse que a rotina é normal. O maior desafio é “agüentar” a saudade dos três filhos que ficaram no Maranhão. “O resto é como uma casa normal. Temos energia elétrica. Estamos protegidos quando chove”, resumiu.
Na “casa”, além da organização dos objetos e da limpeza, existem regras. Segundo Paulo Getúlio de Freitas Costa, proprietário da Empreiteira, todos os trabalhadores acordam normalmente por volta das 6h. Depois do café, iniciam o expediente a partir das 7h30. Se o local de trabalho for longe dos vagões, eles levam marmitas. À noite, enquanto uns preferem ouvir música, outros se distraem com livros, revistas ou baralhos. A partir das 22h é horário de silêncio para o descanso e recuperação da energia para o dia seguinte. Quem quiser namorar é livre, mas os encontros amorosos são feitos fora dos vagões.
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