Há mais de 20 anos o oeste catarinense reivindica uma ferrovia intraterritorial de ligação oeste-leste para escoamento da produção agroindustrial aos portos marítimos, em território catarinense. Agora, o Paraná oferece uma alternativa que pode ser viabilizada mais rapidamente: a construção de um ramal da Ferrovia do Oeste do Paraná (Ferroeste), que, após a construção de uma extensão de Cascavel (PR) até Maracaju (MS), ligará Santa Catarina ao Mato Grosso, passando pelo sudoeste e oeste paranaense.
O interesse catarinense nesse ramal é evidente: o estado importa 5 milhões de toneladas de grãos do Paraná e do Mato Grosso do Sul.
Esse assunto foi discutido em concorrida reunião organizada pelo Conselho Deliberativo da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (Acic) que, na última sexta-feira, reuniu cerca de 300 líderes políticos e empresariais das três regiões interessadas no projeto: o oeste de Santa Catarina, o oeste e o sudoeste do Paraná e o sul do Mato Grosso do Sul.
Parlamentares federais e estaduais, prefeitos e vereadores, empresários e investidores prestigiaram o encontro, entre eles os prefeitos de Chapecó João Rodrigues, de Ampere (PR) Roberto De Toni e de Maracaju (MS) Maurílio Ferreira Azambuja; o secretário regional Luciano Buligon, o secretario da agricultura do PR Valter Bianchini; os deputados catarinenses Cláudio Vignatti, Valdir Colatto, Celso Maldaner, Gelson Merísio, Pedro Uczai, Dirceu Dresch, e paranaenses Assis de Couto e Augustinho Zuchi.
O presidente do Conselho Deliberativo da Acic, Gilson Carlos Confortin, observou que os dois projetos são complementares: o ramal da Ferroeste permitirá importar insumos e matérias-primas e a ferrovia leste-oeste facilitará as exportações. Ambos os projetos permitirão conexão com portos catarinenses e paranaenses.
O presidente da diretoria executiva, Vincenzo Francesco Mastrogiacomo, destacou as dificuldades logísticas para todos os setores da economia e, em especial, para as cadeias produtivas ligadas ao agronegócio, exclusivamente dependentes do transporte rodoviário. O futuro cruzamento ferroviário permitirá a integração e o intercâmbio de regiões de alta produção econômica e a dinamização da economia dos três estados.
A indústria de carne de frango e suínos do oeste de SC é alimentada pelo milho e soja produzido no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, oeste e sudoeste do Paraná. Estudos preliminares realizados pela Ferroeste e pela Secretaria de Infra-estrutura de SC revelam que aproximadamente 5 milhões de toneladas são transportadas por caminhões, o que aumenta os custos de produção. O custo final é novamente onerado com o transporte das carnes em containeres frigorificados até o Porto de Itajaí.
A combinação das duas novas obras ferroviárias reivindicadas possibilitará que os insumos e os produtos industrializados passem a ser transportados por trem, barateando os custos e aumentando a renda dos produtores.
A Ferroeste foi construída no período 1991-1994 pelos batalhões ferroviários do exército brasileiro sediados em Lages (SC) e Araguari (MG) ao custo de US$ 363 milhões de dólares, recursos do governo do Paraná. A linha férrea possui 248 quilômetros que ligam Guarapuava a Cascavel, conectando o centro oeste ao oeste do Paraná. Foi privatizada em 1996 e, depois, desprivatizada, voltando ao controle estatal em dezembro de 2006.
O presidente da Ferroeste e principal palestrante do encontro, advogado Samuel Gomes, disse que o primeiro desafio é obter o apoio do BNDES para os estudos de viabilidade econômica e, depois, conseguir empenho dos deputados para a inclusão de recursos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e a aprovação para execução da obra pela iniciativa privada. Acredita que a obra poderá ser realizada através de uma PPP (parceria público-privada), pois a demanda de transporte ferroviária está comprovada através de levantamento das trocas econômicas inter-regionais.
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