O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) intensificou nesta quinta-feira, data do 12º aniversário do massacre de Eldorado dos Carajás (PA), protestos exigindo a aceleração da reforma agrária. Entre as ações do chamado Abril vermelho, que lembram a morte de 19 pessoas em confronto com a Polícia Militar do Pará, estão o bloqueio de uma das maiores usinas hidrelétricas do país, a paralisação de uma linha de trem usada para o transporte de ferro, a invasão de fazendas, a tomada de pedágios em estradas e outras manifestações. As ações foram feitas em 15 estados e no Distrito Federal.
Cerca de 800 manifestantes invadiram pela manhã a Estrada de Ferro de Carajás, em Parauapebas (PA), que pertence à Vale. A companhia responsabiliza o MST, que nega participação na ação. Liminar do Tribunal de Justiça do Rio proíbe o MST de incitar e promover a prática de atos violentos contra a empresa. De acordo com um comunicado da companhia os manifestantes deixaram a ferrovia à tarde, depois da chegada de tropas das polícias Federal, Militar e Civil do Pará. O tráfego de trens foi restabelecido no fim da tarde, mas manifestantes continuam acampados nas proximidades da ferrovia.
Em nota , o MST diz apenas que apóia o protesto, que teria sido comandado pelo Movimento dos Trabalhadores e Garimpeiros na Mineração (MTM). Mas, na nota, o movimento ataca a Vale. No início da semana, o MST vestiu militantes de amarelo, em vez do vermelho, para driblar a proibição da Justiça de invadir a Vale. E também atribuiu a ação ao MTM, que apóia as ações do grupo e usa amarelo.
Fiquei trancado na locomotiva. E eles me ameaçaram com facão, pedaço de madeira, foice. Tentaram arrombar a locomotiva, e se eu não saísse da locomotiva, eles iam atear fogo
Manifestantes colocaram pedaços de madeira nos trilhos para impedir a passagem dos vagões. O maquinista da locomotiva 387 da mineradora, Raimundo Nepomuceno, de 43 anos, freou ao ver os obstáculos, mas parte da madeira foi deslocada com o choque e feriu manifestantes; a maioria sofreu escoriações, e um deles teve um braço quebrado. O maquinista contou ter sido ameaçado com foice e facão.
Foram mais de cinco horas de comemorações no acampamento. Manifestantes soltavam rojões e enfeitavam a locomotiva com faixas contra a Vale, bandeiras vermelhas do MTM, do Brasil, do Pará e uma com a imagem de Che Guevara.
– Eu tava descendo o trem, quando avistei aquele monte de entulho em cima da via e pessoas também próximas. Eu apliquei a emergência no trem e o trem chegou a bater nas coisas que estavam obstruindo a ferrovia. O trem parou uns 15 a 20 metros depois. Tinha muita gente em cima da via, inclusive – contou o maquinista, acrescentando que sua preocupação era não atropelar os manifestantes. (Ouça o depoimento do maquinista)
A estrada de ferro, com 892 quilômetros de extensão, transporta diariamente 300 mil toneladas de minério de ferro e outros produtos, além de 1.300 passageiros, desde a principal mina da empresa no país, no Pará, até o porto exportador de São Luís.
Em nota, a Vale disse que os manifestantes chegaram a fazer o maquinista refém. A empresa diz que ele foi ameaçado pelos sem-terra.
– Fiquei trancado na locomotiva. E eles me ameaçaram com facão, pedaço de madeira, foice. Tentaram arrombar a locomotiva, e se eu não saísse da locomotiva, eles iam atear fogo – contou o maquinista.
Neuton Paulino, que se apresentou como líder do MTM, e Altamiro Borba Soares, assessor do prefeito de Parauapebas, Darci Lermen (PT), aliado do MST, foram presos por desobediência à decisão da Justiça que proibiu ações de vandalismo contra instalações da Vale e co-autoria na obstrução da ferrovia.
Ainda de acordo com um comunicado da Vale, um ônibus de uma empresa prestadora de serviços para a companhia foi interceptado por manifestantes que ameaçaram e forçaram o desembarque de 35 passageiros. Segundo a nota, o ônibus permaneceu, ilegalme
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